ATA DA CENTÉSIMA SEXAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 14.12.1987.

 


Aos quatorze dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Centésima Sexagésima Segunda Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, Aranha Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Auro Campani, Brochado da Rocha, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Flávio Coulon, Frederico Barbosa, Getúlio Brizolla, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Kenny Braga, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Nilton Comin, Paulo Sant’Ana, Paulo Satte, Pedro Ruas, Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Werner Becker e Ana Godoy. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou ao Ver. Raul Casa que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, a Srª. Secretária procedeu à leitura das Atas da Centésima Sexagésima Primeira Sessão Ordinária, das Qüinquagésima Quinta e Qüinquagésima Sexta Sessões Solenes e das Trigésima Sétima e Trigésima Oitava Sessões Extraordinárias, que foram aprovadas com Retificação da Verª. Bernadete Vidal, solicitando que, na folha nº 02 da Ata da Trigésima Sétima Sessão Extraordinária,em seu pronunciamento em Comunicação de Líder, onde consta: “Solidarizou-se com a classe dos deficientes, atentando para a importância do apoio desta Casa à mesma”, passe a constar: “Solidarizou-se com os deficientes, atentando para a importância do apoio desta Casa aos mesmos”. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Aranha Filho, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 126/87 (proc. nº 2801/87), que denomina Rua Aldo Silveiro Chaves um logradouro público; pelo Ver. Frederico Barbosa, 01 Pedido de Providências, solicitando colocação de saibro e alargamento da lateral da Estrada do Varejão entre os nºs 219 e 373, proximidades da escola; pela Verª. Gladis Mantelli, 01 Pedido de Informações, acerca da área situada entre as Ruas José de Alencar, Eurico Lara e Av. Érico Veríssimo, próxima ao Conjunto Residencial Emílio Castelo Branco. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 01/87, do Vice-Presidente da Associação Central Atlética da Pontifícia Universidade Católica, RS; 02/87, das Comissões Especiais constituídas para examinar o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 09/87; os Projetos de Lei Complementar do Executivo nºs 11; 12/87; 181/87, do Sr. Presidente da Casa do Menino Deus de Praga; 732; 733; 736; 737; 741/87, do Sr. Prefeito Municipal; Cartas da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho; da Associação dos Servidores Civis do Brasil; do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros de Porto Alegre; da Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo; da Fundação Metropolitana de Planejamento; Cartões de Organização RUF S.A., Equipamentos para Escritório; Telex do Sr. Ari Gomes Ferreira, Presidente da Câmara do Comércio Brasil-Costa Rica no Rio Grande do Sul. A seguir, o Sr. Presidente respondeu Questão de Ordem do Ver. Caio Lustosa, acerca do Requerimento nº 151/87. assinado pro todas as Lideranças da Casa, com exceção do PDT, que requer uma série de diligências concernentes ao Projeto Praia do Guaíba. Após, nos termos do art. 81, II do Regimento Interno, o Ver. Paulo Satte criticou a administração municipal, denunciando o descaso com que a mesma vem tratando a Zona Norte de Porto Alegre. Solicitou ao Vice-Prefeito em exercício, Sr. Glênio Peres, imediatas providências junto ao DMAE para que sejam resolvidos problemas de falta de água existentes naquela zona, analisando o assunto. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi aprovado Requerimento oral do Ver. Adão Eliseu, solicitando alteração na ordem dos trabalhos, passando-se à ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação foram aprovados o Projeto de Lei do Legislativo nº 73/87, por vinte e nove votos SIM contra um voto NÃO, e a Emenda a ele aposta, por trinta votos SIM e um voto NÃO, com Declaração de Voto do Ver. Flávio Coulon, tendo sido, Projeto e Emenda, discutidos pelos Vereadores Adão Eliseu, Luiz Braz, Ana Godoy, Paulo Sant’Ana, Flávio Coulon, Artur Zanella e Rafael Santos, encaminhados à votação pelos Vereadores Jorge Goularte, Clóvis Brum, Pedro Ruas, Mano José e Werner Becker e submetidos à votação nominal a Requerimento oral, aprovado, do Ver. Adão Eliseu. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Substitutivo nº 03 aposto ao Projeto de Lei do Legislativo nº 17/86, considerando-se prejudicado o Projeto original, por vinte e sete votos SIM e as Emendas a ele apostas de nºs 01, por vinte e dois votos SIM contra um voto NÃO e três ABSTENÇÕES, com Declaração de Voto do Ver. Flávio Coulon e 04, por quinze votos SIM contra um voto NÃO e oito ABSTENÇÕES, tendo sido rejeitadas as Emendas de nºs 02 e 03, por um voto SIM contra dezenove votos NÃO e cinco ABSTENÇÕES, votadas em bloco a Requerimento oral, aprovado, do Ver. Clóvis Brum. Na ocasião, foi solicitado, pelos Vereadores Paulo Sant’Ana e Flávio Coulon, destaque para a votação da Emenda nº 01 acima referida. Ainda, o Sr. Presidente deferiu Requerimentos dos Vereadores Clóvis Brum e Isaac Ainhorn, solicitando, respectivamente, a retirada dos Substitutivos nºs 01 e 02 apostos ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 17/86. O Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 17/87, os Substitutivos e Emendas apostas ao mesmo, foram discutidos pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Clóvis Brum, Rafael Santos e Artur Zanella, encaminhados à votação pelos Vereadores Flávio Coulon, Jorge Goularte, Mano José e Artur Zanella e submetidos à votação nominal a Requerimento oral, aprovado, do Ver. Paulo Satte. A seguir, foi aprovado Requerimento do Ver. Artur Zanella, solicitando que os processos 2212/87 e 2213/87 sejam votados em sucessão, para que recebam debates conjuntos. Em Discussão Geral e Votação estiveram o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 10/87 e o Projeto de Lei do Legislativo nº 100/87, que foram discutidos pela Verª. Jussara Cony e deixaram de ser votados em face do término do prazo regimental para a presente Sessão. Durante a Ordem do Dia, foram aprovados Requerimentos orais dos Vereadores Adão Eliseu, Caio Lustosa e Clóvis Brum, solicitando alterações na ordem de votação dos processos referentes à presente Sessão. Durante os trabalhos, o Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem do Ver. Artur Zanella, acerca do processo de votação do Projeto de Lei do Legislativo nº 17/86; acerca do Projeto de Lei do Legislativo nº 73/87 e das Emendas a ele apostas; do Ver. Werner Becker, acerca das Emendas apostas ao Substitutivo nº 03 do Projeto de Lei do Legislativo nº 17/86; do Ver. Clóvis Brum, acerca da inversão dos trabalhos solicitada pelo Ver. Adão Eliseu; acerca da possibilidade de realização de uma Sessão Extraordinária após o término da presente Sessão; do Ver. Luiz Braz, acerca da ordem dos trabalhos da presente Sessão; do Ver. Aranha Filho, acerca da prorrogação dos presentes trabalhos e dos processos a serem votados na Sessão Extraordinária a ser realizada após a presente Sessão. Os trabalhos estiveram suspensos por onze minutos, nos termos do art. 84, I do Regimento Interno e foram prorrogados nos termos do “caput” do art. 85, por proposta do Sr. Presidente, aprovada pela maioria dos presentes. Às vinte horas e quarenta minutos, esgotado o prazo regimental da presente Sessão, o Sr. Presidente levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha, Teresinha Irigaray, Luiz Braz, Gladis Mantelli, Frederico Barbosa e Lauro Hagemann, o último nos termos do § 3º do art. 11 do Regimento Interno, e secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli, Frederico Barbosa, Jaques Machado e Raul Casa, o último como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 


O SR. PRESIDENTE: Declaro abertos os trabalhos da presente Sessão.

 

O SR. CAIO LUSTOSA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, chegou à Mesa, hoje pela manhã, e se encontra aqui comigo, o Proc. nº 2843, Requerimento 151/87, em que todas as Lideranças da Casa, com exceção do PDT, requereram uma série de diligências concernentes ao chamado Projeto Praia do Guaíba. Eu requeiro a V.Exa, que, como essas providências são preliminares à discussão e pauta do referido Projeto, que V.Exa. nos dê notícias a respeito.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa a V. Exa. que, pelo Regimento Interno, terá que seguir, por ordem, o início da Sessão.

 

O SR. ADÃO ELISEU (Questão de Ordem): Sr. Presidente, requeiro a V. Exa. a inversão da ordem dos trabalhos, ou seja, que sejam votados primeiro os Processos nos 1820/87, que é do interesse dos motoristas de táxi, e 692/86, de interesse dos motoristas do transporte escolar, uma vez que estão aqui presentes e não fiquem presos toda a tarde.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa pede para manterem a ordem em Plenário. Informa que colocará em votação o requerido pelo Ver. Adão Eliseu.

 

O SR. CLEOM GUATIMOZIM (Questão de Ordem): Sr. Presidente, vamos votar favorável ao Requerimento do Ver. Adão Eliseu, sem prejuízo ao Requerimento de S. Exa., desejamos requerer a inversão, porque a pauta tem grande importância no dia de hoje.

 

O SR. PRESIDENTE: Todos os Requerimentos serão votados em primeiro lugar.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Quero informar a Mesa que, com relação a este Projeto dos Transportadores Escolares, não se encontra no espelho de hoje o Substitutivo nº 03. Nestas condições, a nossa Bancada não poderá estudar o Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa providenciará para que seja distribuído todo o material necessário aos Srs. Vereadores.

 

O SR. CLEOM GUATIMOZIM (Requerimento): Solicito que seja desconsiderado o meu Requerimento anterior, de inversão da Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz):  A Mesa acolhe o seu Requerimento.

Peço a atenção dos Srs. Vereadores, pois existem dois Requerimentos, feitos verbalmente, e vamos colocá-los em votação. Requerimento do Ver. Adão Eliseu pedindo a inversão da Ordem do Dia, Requerimento que solicita que dois Projetos, o do transporte escolar e o da remuneração para os motoristas de táxis, para que esses dois Processos sejam votados em primeiro lugar.

 

O SR. ARANHA FILHO (Questão de Ordem): O requerido pelo Ver. Adão Eliseu não prejudica o segundo Requerimento, acho que seria interessante lembrar ao Plenário o segundo Requerimento, para ver se um elimina o outro ou não.

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Ver. Adão Eliseu fazer o seu Requerimento.

 

O SR. ADÃO ELISEU: O primeiro Requerimento visa à inversão da Ordem do Dia; concedida a inversão da Ordem do Dia, o Ver. Clóvis Brum e este Vereador solicitam a inversão dos Processos, no sentido de que o 1820 e o 692 sejam discutidos e votados no início dos nossos trabalhos, na Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE: Primeiro Requerimento, a inversão da Ordem do Dia, que coloco em votação.

 

O SR. ARANHA FILHO: Não, o Vereador pede, simplesmente, que esses dois Projetos sejam votados em primeiro lugar.

 

O SR. PRESIDENTE: A primeira votação tem que ser a inversão da Ordem do Dia, porque, do contrário, teríamos que colocar em primeiro lugar o Grande Expediente; então, é necessária a votação para a inversão da Ordem do Dia; primeiramente, teríamos o Grande Expediente, e para que não haja, agora, teríamos que votar a inversão da Ordem do Dia.

 

O SR. ARANHA FILHO: Ato contínuo, o Ver. Adão Eliseu pede, na ordem das prioridades, que sejam votados esses dois Projetos solicitados pelo Vereador. Agora, o segundo Requerimento trata do quê?

 

O SR. PRESIDENTE: Esses são os dois Requerimentos, o primeiro Requerimento pede a inversão da Ordem do Dia.

 

O SR. ADÃO ELISEU (Questão de Ordem): O Vereador Líder da minha Bancada, Cleom Guatimozim, sem prejuízos dos nossos Requerimentos, também solicitou inversão da pauta.

 

O SR. PRESIDENTE: Ouvi o Ver. Cleom Guatimozim retirando o Requerimento.

 

O SR. PAULO SATTE (Questão de Ordem): Havia requerido à Mesa e solicitado o deferimento do artigo 81, inciso II.

 

O SR. PRESIDENTE: Perguntaria a V. Exa. para que tema V. Exa. usará a tribuna.

 

O SR. PAULO SATTE: Falta d’água na Zona Norte de Porto Alegre, falta de abastecimento, que julgo muito importante.

 

O SR. PRESIDENTE: Deferido.

 

O SR. PAULO SATTE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ouvi rumores, no Plenário, por parte de um Vereador, de que este Vereador vai denunciar a respeito da falta d’água na Zona Norte de Porto Alegre, e que eu deveria denunciar sobre a falta d’água na Zona Sul. Tenho de denunciar para o eleitorado que me pertence. Sou Vereador de Porto Alegre, mas principalmente da Zona Norte. Se V. Exa. quiser, que o faça. É lamentável que mais uma vez tenho que denunciar, desta tribuna, a respeito da atual Administração Municipal. Mesmo pertencendo ao meu Partido, em certas coisas não podemos compactuar; por exemplo, na Zona Norte de Porto Alegre, nas Vilas Elizabeth e Parque Residencial Sarandi, Vila Leão e Popular Sarandi, falta, quase que diariamente, água, se não falta na parte da manhã, falta no final da tarde ou nos finais de semana. Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este é um registro que eu faço para o Prefeito em exercício Glênio Peres,  que tome imediatas providências com o Diretor do DMAE, para que seja normalizado o abastecimento de água na Zona Norte da Cidade. Aquelas redes já foram denunciadas por este Vereador, inúmeras vezes, quanto à substituição da sua canalização, são canos de amianto com quase 35 anos de existência. Diariamente, na Zona Norte de Porto Alegre, principalmente nas vilas que eu citei, estouram canos nas ruas, principalmente na 21 de Abril, Alcides Maia, Moreira da Silva, etc.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não vou me alongar, temos aqui a presença de motoristas de táxi e de kombis escolares e eles têm compromisso de serem atendidos, mas eu não poderia deixar de fazer este registro que a comunidade da Zona Norte de Porto Alegre solicitou a este Vereador.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. CAIO LUSTOSA (Questão de Ordem): Vereadora Presidente, logo no início dos trabalhos, nós havíamos requerido ao Ver. Brochado da Rocha, Presidente desta Casa, que colocasse em votação Requerimento que foi encaminhado à Mesa, hoje, pela manhã, assinado por todas as Lideranças, com exceção da Bancada do PDT, no sentido de proceder em diligência a diversos órgãos sobre o chamado Projeto Praia do Guaíba.

Reitero a V. Exa. este Requerimento que ora faço, no sentido de que aquela proposição venha à discussão e deliberação do Plenário antes de entrarmos na Ordem do Dia ou, pelo menos, antes que corra pauta o Projeto Praia do Guaíba.

 

A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): A Mesa avisa a V. Exa. que vai tomar as medidas cabíveis antes da Ordem do Dia.

A Mesa suspende os trabalhos por três minutos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h18min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha – às 15h29min): Estão reabertos os trabalhos. Solicito aos Srs. Vereadores que ocupem as suas tribunas.

A Mesa, quando da abertura dos trabalhos, ainda não lida a Bíblia, já recebia uma série de requerimentos. A Mesa tentará, dentro dos interesses peculiares de cada Sr. Vereador, ordenar os trabalhos na seguinte ordem: primeiro, se se deseja inverter a Ordem do Dia para votar, é uma coisa; segundo, quanto ao requerido pelo Sr. Ver. Caio Lustosa, a Mesa tem a informar que é facultado, ao Plenário, a Requerimento de Vereadores, retirar o Projeto da Ordem do Dia ou submeter o Requerimento que está sobre a mesa, firmado por oito Lideranças da Casa. Esse Requerimento entrará, para ser votado, na Ordem do Dia correspondente à pauta. (Apartes paralelos). Vamos devagar. É que o Ver. Adão Eliseu quer fazer votações. Existem votações e pauta. O período de votação é a Ordem do Dia para votação. A Ordem do Dia para votação é uma coisa, a pauta é outra. Neste Requerimento, tem que ser votada a pauta. A ele, Requerimento, precederá, de acordo com o que estabelece o art. 100, o seguinte: “A Ordem do Dia será organizada observando-se as seguintes prioridades: Redação Final, Veto, Proposição de Rito Especial, Matéria em Regime de Urgência, Requerimento de Comissão e Requerimento de Vereador”. É o caso. Após, Projeto de Lei. Assim colocados, ficam precedentes, na pauta em que correm, as matérias que tiveram rito especial e em matéria de urgência. Segundo a Mesa tem conhecimento e os Senhores Vereadores, tem três Projetos que tem um e outro. E, no caso, o que o Sr. Ver. Caio Lustosa levantou junto com as demais Lideranças, é um Projeto de Lei cuja votação será antecedida. Agora, algum dos Senhores Vereadores terá que requerer, de novo, a inversão da Ordem do Dia, senão entraremos no Grande Expediente. Não foi votado, nas notas taquigráficas não constam.

 

O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Sr. Presidente, de autoria do nobre Ver. Adão Eliseu, S. Exa. requereu a inversão do Grande Expediente, a fim de que se passasse imediatamente à Ordem do Dia. Esse é o Requerimento já feito pelo Ver. Adão Eliseu e que ainda não foi votado. Incontinente, ainda, apresentou um segundo Requerimento, que esperamos que seja votado: é de que invertido o Grande Expediente, Sr. Presidente, vota-se o Processo 1820 e, em segundo lugar, o Processo 629. São os dois Requerimentos do Ver. Adão Eliseu que estão esperando para serem votados.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa pedirá ao Sr. Ver. Adão Eliseu que os formalize novamente.

 

O SR. CLÓVIS BRUM (Requerimento): Sr. Presidente, está formulado por este Vereador.

 

O SR. PRESIDENTE: Há uma precedência que será observada nem que seja à força. A Mesa tem que conduzir os trabalhos. A Mesa pede que S. Exa. formule, pois a Mesa deseja deixar bem claro aos Srs. Vereadores que terão que ter calma, paciência.

 

O SR. ARANHA FILHO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, esse Requerimento foi feito quando o Ver. Luiz Braz ocupava a presidência; inclusive, quando eu solicitei o Pedido de Providências, eu iria alertar a V. Exa. que esse Requerimento já tinha dado entrada à Mesa, só não foi colocado em votação pelo Ver. Luiz Braz.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu insisto que o Sr. Vereador, autor inicial, repita, para que não paire dúvida no Plenário. Existem vários conflitos de interesses dos Srs. Vereadores, legítimos, que a Mesa tem que respeitar.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Peço a palavra para um Requerimento verbal, Sr. Presidente, no sentido de que possa fazer minhas as palavras do Ver. Clóvis Brum, e requeiro a V. Exa. que submeta à apreciação do Plenário que seja invertida a ordem dos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE: Submeto ao Plenário a inversão da ordem dos trabalhos, caindo fora o Grande Expediente, para ficar bem claro aos Srs. Vereadores. Requerimento verbal do Ver. Adão Eliseu.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam, permaneçam sentados. APROVADO.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Faço outro Requerimento verbal, Sr. Presidente, no sentido de que V. Exa. também inverta a ordem dos Processos a serem discutidos e votados, de forma tal que os Processos nos 0692 e 1820 sejam discutidos e votados no início da Ordem do Dia, levando em consideração o número de trabalhadores que estão aqui e que precisam trabalhar.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o segundo Requerimento verbal do Ver. Adão Eliseu. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, por unanimidade.

 

O SR. CAIO LUSTOSA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu reitero, mais uma vez, que, após aprovados os Projetos do Ver. Adão Eliseu, V. Exa. submeta ao Plenário o Requerimento das Lideranças referente à questão de diligência do Projeto Praia do Guaíba, e eu peço que isto seja submetido à decisão agora.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa havia firmado o critério de que se votariam as matérias constantes do art. 100, que teriam preferência, e imediatamente chegaria no artigo de V. Exa. A Mesa pede que V. Exa. fiscalize se a Mesa irá assim proceder.

 

O SR. CAIO LUSTOSA: E eu peço à Mesa que fiscalize mutuamente, para que cada vez que houver rodízio na presidência um dos que estiverem exercendo a presidência comunique ao outro as decisões que teve, porque é isso justamente que causa embaraço e essas delongas todas.

 

O SR. PRESIDENTE: Sr. Vereador, a Mesa informa que recebeu todas as instruções do Ver. Luiz Braz, que substituiu esta Presidência, mas, para não deixar nenhuma dúvida e nenhum resquício no Plenário, fomos intransigentes em repetir tudo quando passou e quando retornou.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, acontece que, de repente, alguns Vereadores querem subverter o Regimento Interno, porque o que a Presidência - na pessoa do Ver. Brochado da Rocha ou do que o substituiu - fez, foi obedecer ao Regimento. Apenas isso. Nunca foram votados aqui requerimentos antes dos processos, a não ser os requerimentos normais, que foram os feitos pelo Ver. Adão Eliseu e Ver. Clóvis Brum, que eram para inverter a ordem dos trabalhos. O resto está absolutamente normal, agora, se querem mandar mais que o Regimento, aí é brincadeira.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa repete que ela foi extremamente cautelosa no sentido de deixar os Srs. Vereadores tranqüilos no que votaram.

Srs. Vereadores, passaremos à

 

ORDEM DO DIA

 

 DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1820 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 073/87, do Ver. Adão Eliseu, que altera os artigos 3º e 4º da Lei nº 4.629, de 23 de novembro de 1979.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator, Ver. Flávio Coulon: pela rejeição;

- da CFO. Relator, Ver. Getúlio Brizolla: pela aprovação;

- da CUTHAB. Relator, Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação; e

- da CEDECON. Relator, Ver. Jaques Machado: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 073/87. Inscreve-se, para discutir, o Ver. Adão Eliseu, que tem a palavra.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, senhores taxistas, direção do Sindicato, há cerca de seis meses, mais ou menos, fomos convidados pelo Presidente do Sindicato, o Sr. Ubiratan Collares, por alguns amigos taxistas, amigos de muito tempo, para fazermos uma visita à sede do Sindicato. Lá chegando, tivemos oportunidade de examinarmos as inquietações e preocupações da classe. Posteriormente, fizemos uma visita de mais ou menos 150 taxistas, numa manhã chuvosa de um sábado, e tivemos oportunidade de debatermos as proposições do Sindicato em torno das modificações da Lei 4.629, que estabelece a planilha dos cálculos dos custos de todo esse universo do taxista e até dos ganhos por parte do trabalhador desse “metier”. E chegou-se à conclusão de que, modificando a redação de dois artigos da Lei nº 4.629/79, a situação, tanto do motorista, do proprietário do táxi, como do usuário, ficaria melhor. O taxista teria por mais tempo assegurado o seu ganho, e o usuário teria o trabalho de uma qualidade melhor. Eu digo isso porque quem trabalha no táxi são pessoas humanas, são seres humanos que trabalham diuturnamente em benefício de uma Cidade, de um Estado. Seja conduzindo para Casa uma pessoa que tenha pressa, que não pode pegar o ônibus, não pegou o seu carro, ou não tem carro, enfim, o motorista de táxi transformou-se num agente social. Não é apenas um motorista que conduz para esses lugares citados, a fim de levarmos alguém ou nossas famílias para andar de carro, enfim, mas é um funcionário do povo, de certa forma muito parecido com a nossa função de Vereador, que somos servidores do povo. Acho até que essa função é muito superior, por ser suprida e sofrida, por receber menos do que a nossa função de atendimento à população. O motorista de táxi, se pudesse trabalhar deixando a certeza à sua família de que iria voltar ao seu lar, teríamos convicção de que seu ganho poderia ser menor, porque o sacrifício poderia ser menor. Temos - recordando, estou atendendo uma solicitação da classe - os tristes momentos de motoristas no cumprimento de seu trabalho, arriscando vidas, perdendo-as no cumprimento dessas tarefas diárias. Já fui brigadiano, sou oficial da reserva, com 35 anos de serviço efetivo, mas nunca enfrentei tantos perigos como os motoristas de táxi. Portanto, parece-me que as reivindicações são justas e não entendo porque os Governos, até o Governo Collares, oriundo das classes sacrificadas, não tenham se dado em conta de que essas modificações realmente equilibram, em parte, a situação.

Vou verificar se consigo examinar didaticamente alguma coisa do Projeto, para que aqueles que não tiveram oportunidade de lê-lo, inclusive os taxistas, possam entendê-lo.

Na Lei nº 4.629, nós procuramos modificar dois artigos, o 3º e o 4º. Vou ler o art. 2º, porque ele tem alguma ligação. O art. 2º da Lei nº 4.629 diz o seguinte: “as tarifas de táxis serão fixadas por Decreto do qual deverão constar os seguintes valores” - notem bem – “1º: preço da bandeirada; 2º - preço do quilômetro rodado 1; 3º- preço do quilômetro rodado 2; 4º- preço do quilômetro rodado 3; 5º- preço do quilômetro rodado 4; 6º- preço da hora/serviço” - valor a ser pago por horas de espera pelo passageiro com o motor desligado -  “7º- preço de volume excedente” - valor a ser pago por volume que exceda a mala normal e dois volumes na mão. Depois, o art. 3º do Projeto vai se referir à redação do art. 2º, da seguinte forma: “Os valores a que se refere o art. 2º serão calculados pelos órgãos técnicos da SMT, através do preenchimento da planilha de custo que deverá contemplar os seguintes itens”.

Bom, repete aqui tudo, faz uma série de citações que eu vou me dispensar de lê-las porque os taxistas conhecem e senão, nós levaríamos muito tempo e o meu tempo é limitado para fazer esta exposição.

Já no meu Projeto, nós mudamos, a partir da sugestão do Sindicato, essa redação. Aqui diz o seguinte: “os itens do art. 3º que são referentes aos custos da operação e dos serviços não demonstram a realidade, porque é apurado o global, quando o correto é o item a ser detalhado, para não prejudicar a estabilidade financeira do sistema”.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Adão Eliseu, o Ver. Pedro Ruas se inscreve e cede o tempo a V. Exa.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Agradeço ao Ver. Pedro Ruas e aos demais Vereadores.

 

O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Sr. Presidente, seria providencial da Mesa que a cada cessão de tempo citasse os inscritos, a fim de que se possa controlar as inscrições para verificar em que tempo se fala.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa não o fez, porque já tinha feito anteriormente, mas fará daqui para diante.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, quem está inscrito antes do Ver. Pedro Ruas?

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Luiz Braz e Clóvis Brum.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Agradeço ao Ver. Pedro Ruas a cessão do tempo e aos inscritos também por permitirem que continuasse o meu trabalho.

 

O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Adão Eliseu, V. Exa. fez um Requerimento para que esses Projetos fossem votados antes, a fim de que os motoristas fossem trabalhar. Faço um apelo a V. Exa. para que cessem as discussões e haja só o encaminhamento, para que eles possam ir trabalhar. Senão não vai adiantar nada a antecipação. Esse Processo é pacífico.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Muito bem, acho que é assim que se trabalha. V. Exa. participa e coopera conosco e, diante da aceitação e da notícia que V. Exa. nos dá, que a aceitação é pacífica, pois isto me deixa tranqüilo, vou resumir o meu trabalho. Só vou mostrar rapidamente o que estou propondo.

 

O Sr. Clóvis Brum: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) A informação do Ver. Jorge Goularte não é rigorosamente precisa. Tanto que no próprio espelho nós vimos aqui: “Da Comissão de Justiça e Redação, o Ver. Flávio Coulon, pela rejeição”. Ele foi rejeitado pela Comissão de Justiça e  Redação, onde tem 7 Vereadores; então, não é tão pacífico. Por isso, eu apelo a V. Exa. que discuta, que esclareça, a fim de que aqueles Vereadores que votaram contra na Comissão de Justiça, dentro dos esclarecimentos que se travarão hoje à tarde, possam votar favorável.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Eu agradeço o aparte de V. Exa., respeito as decisões dos Vereadores que votaram contra, como também respeito a contribuição do Ver. Jorge Goularte e, num somatório geral, eu acho que nós vamos conseguir aprovar este Projeto em benefício dessa classe tão sacrificada.

Mas, eu dizia que os itens do art. 3º são referentes aos custos da operação de serviço e que não demonstram a realidade com que é apurado o global, quando, o correto, seria ser o item mais detalhado.

Para não prejudicar a estabilidade financeira do sistema, o item deve ser detalhado em todas as suas partes, porque senão vejamos. A Lei nº 4.629, letra “c” do item 3º do art. 3º diz o seguinte: que a Lei apenas estabelece a reforma do motor. O mesmo item, na alteração proposta, detalha mais, que todos os componentes do motor - não vou ler todos eles, porque roubaria muito tempo - ficariam no mesmo item da alteração proposta com o título de sistema de motor, com todo o sistema detalhado. E mais: refere-se à mão-de-obra de oficina, se refere ao salário do motorista, à quilometragem anual. O art. 3º se refere, ainda, a um componente que a Lei anterior não computava, que é a mão-de-obra. O motorista, o proprietário de táxi, pagava a mão-de-obra durante o tempo em que o táxi ficava na oficina, e esse componente, pela Lei nº 4.629, não é computado. E, no trabalho que ele fez, trabalho detalhado, de excelente qualidade, que me foi apresentado pela direção do Sindicato dos senhores - e levaríamos umas três ou quatro horas para detalhá-lo, também por isso não o fazemos - dá para compreender perfeitamente até o valor da hora de serviço por parte da oficina, por parte do mecânico, todas as questões que se referem à eletricidade.

 

O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Qual é a vida útil de um táxi, para fins de cálculo, e, conseqüentemente, por que 20% de depreciação do veículo?

 

O SR. ADÃO ELISEU: Oitenta mil quilômetros.

 

O Sr. Aranha Filho: Oitenta mil quilômetros, para fins de cálculo, é a quilometragem rodada, duração do motor.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Certo. Nós votamos, me parece que foi no ano passado, que, em matéria de tempo, vida útil - não recordo bem - que o carro teria, como tempo de vida útil, dez anos. V. Exa. me faz uma pergunta que eu não tenho...

 

O Sr. Aranha Filho: E por que 20% de depreciação do veículo ao ano?

 

O SR. ADÃO ELISEU: Confesso que não saberia lhe dizer.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Já que foi falado o item “vida útil”, eu quero avisar que, no ano passado, foi votada uma matéria deste Vereador, aumentando a vida dos táxis, de dez para doze anos. Até o ano passado a vida útil dos táxis era de dez anos. Após essa votação, nós passamos a vida útil de dez para doze anos.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Agradeço o seu aparte. Eu havia informado que, realmente, era de dez e eu não havia me lembrado do seu Projeto, transformado em Lei, que aumenta a vida útil. Eu vou tentar resumir, para não tornar enfadonha esta explanação, abordando o art. 04, que nós, por sugestão do Sindicato também, estamos tentado modificar. O art. 4º da Lei nº 4.629 diz: “Os pedidos de reajuste serão apreciados semestralmente, a pedido de, pelo menos, um dos órgãos representativos do setor, nos meses de fevereiro e de agosto, ou, excepcionalmente, quando um dos componentes do custo apresentar aumento desproporcional durante o período”. A sugestão do Sindicato me parece excelente. Na alteração, fixamos que os pedidos de reajuste poderão ser apreciados por solicitação do Sindicato da categoria, quando o seu custo final estiver defasado em mais de 15%, que é um parâmetro suportável pelo motorista. Esta é a modificação no art. 4º. Estas são, em rápidas palavras, resumidamente, as modificações que estamos a apresentar a este Plenário. É uma forma resumida, porque não temos a pretensão de esgotar todo o assunto e porque sabemos que os demais Vereadores também farão de tal forma que se compreenda melhor o Projeto.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu vejo V. Exa. saindo da tribuna e me informam que existem emendas das quais eu nem tenho conhecimento. Fica difícil, desta forma, entender certas coisas. Digo isto, exatamente, para preservar a sua presença na tribuna.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Eu agradeço o seu aparte.

 

O Sr. Paulo Satte: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Onde altera os artigos 3º e 4º, no inciso II, na página 04, vemos o seguinte: “Evidentemente que ‘não se fabrica mais’ não pode ser parâmetro para se conhecer o preço das revendedoras especializadas”. Eu gostaria que V. Exa. me explicasse isto aí. E qual seria o parâmetro.

 

O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): O Sr. Kenny Braga se inscreve, e a Mesa consulta os Srs. Clóvis Brum e Luiz Braz, se S. Exas. permitem que o Vereador que está na tribuna possa usar o tempo do cedente. (Pausa.) Face à concordância tácita de ambos os Vereadores, a Mesa defere, e ouve Questão de Ordem do Ver. Paulo Sant’Ana.

 

O SR. PAULO SANT’ANA (Questão de Ordem): O Vereador que está na tribuna formulou um Requerimento solicitando que se passasse para este Processo na primeira parte da Ordem do Dia, a fim de que os motoristas pudessem ir embora; gostaria de alertar o Ver. Adão Eliseu, porque se ele falar por muito tempo, os motoristas vão embora de noite.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. deve se dirigir em aparte ao nobre Vereador, porque a Mesa apenas deferiu ao Plenário, que soberanamente decidiu.

 

O SR. PAULO SANT’ANA: Desculpe-me, eu queria apenas alertar o Ver. Eliseu, porque esta discussão pode se prolongar.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a cessão de tempo por parte do Ver. Kenny Braga, e o oferecimento do Ver. Paulo Satte, e a permissão que os Vereadores inscritos me deram para continuar falando; mas acho que, em parte, o Ver. Paulo Sant’Ana tem razão, vou falar 2, 3 minutos.

 

O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Para colaborar, atendendo a preocupação dos Vers. Zanella e Paulo Sant’Ana e dos próprios motoristas que estão aí, já que estão entrando emendas e V. Exa. requereu uma alteração ou inversão de processos para a votação; já que estão entrando emendas, e estas necessitam de parecer; acredito que se isso acontecer, ficará melhor.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Agradeço o aparte de V. Exa. e posso lhe informar que o parecer a respeito da Emenda do Ver. Luiz Braz já foi confeccionado, já está em pauta.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Estou dizendo que o relator foi o Ver. Kenny Braga e os votos já foram colhidos, praticamente, na maioria das Comissões, então a Emenda está pronta para ser votada.

 

O SR. ADÃO ELISEU: E os Vereadores terão, dentro dos próximos minutos, uma cópia da Emenda. Respondendo ao Ver. Paulo Satte, diria a S. Exa. que o Parecer do Ver. Flávio Coulon se refere à questão do Volkswagen e o coloca numa situação esdrúxula, difícil, e aí me parece que é uma das razões pelas quais ele não concorda em que o Volkswagen continue sendo o carro padrão como ponto de partida para os estudos de todos os cálculos dos custos e dos lucros do taxista. Este carro não é mais fabricado e na nossa proposta aqui nós confeccionamos que o carro tem que estar sendo fabricado. E o carro de maior uso, me parece, agora no momento, é o Gol - não estou aqui para fazer propaganda de marca de automóvel - e não o Volkswagen, porque o Volkswagen deixou de ser fabricado. Não sei se respondi a sua pergunta.

 

O Sr. Aranha Filho: Não. A Volkswagen continua fabricando. Tem diversos modelos Volkswagen. O Gol é um deles.

 

O SR. ADÃO ELISEU: V. Exa. sabe. Tudo bem. Srs. Vereadores, me parece que pela maneira de proceder dos Srs. Vereadores, pelas respostas, pelas inquietações no sentido de que terminemos o mais rápido possível o nosso trabalho, nós vamos terminando por aqui, pedindo a todos os Senhores que examinem com acuidade, com a maior das isenções possíveis - e falo em isenção porque Vereadores do PDT que apresentam essas modificações, que não dêem importância ao fato de ter sido Vereador do PDT, mas que dêem toda a importância nas solicitações da classe trabalhadora que são os taxistas, nas suas inquietações, na sua busca de melhores salários, de melhor situação de vida, e não dêem importância às questões político-eleitoreiras, porque, honesta e sinceramente, nada disso está me preocupando neste momento; o que me preocupa é a validade das solicitações que me fizeram, através da direção do Sindicato dos senhores, porque nessas solicitações estão contidas todas as inquietações e todo o sofrimento dessa classe, que trabalha com chuva, com sol, em dia tranqüilo ou em dia perigoso. Me parece que isso é o principal. Não me passa pela cabeça, Srs. Vereadores, estar tentando fazer proselitismo eleitoreiro para somar votos numa segunda eleição, e quero dizer-lhes que gosto da política, sou político militante, estou aqui porque gosto de participar, mas não sou político profissional.

 

O Sr. Pedro Ruas: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Adão Eliseu, aproveito este aparte para expressar minha opinião pessoal a respeito do Projeto, na medida em que pretendia discuti-lo da tribuna, mas cedi o tempo a V. Exa., que me parece ter mais condições e mais conhecimento a respeito desse Projeto e dos reais anseios dessa categoria profissional, para discuti-lo. Mas, aproveito esse breve tempo do aparte para dizer a V. Exa. que o Projeto atende os anseios de uma categoria muito sofrida, e que V. Exa. legislou exatamente em cima e buscando atender esses anseios. Cumprimento V. Exa. pela oportunidade e pela clareza expressa no Projeto e antecipo, desde já, o meu voto favorável. Muito obrigado.

 

O SR. ADÃO ELISEU: Agradeço a V. Exa. pelo aparte que, como sempre, soma e contribui para melhor esclarecimento daquilo que a gente se propõe explicar. E nesses derradeiros momentos, eu agradeço toda a cooperação e eficiência, pois eu não tinha visto ainda tanta capacidade, de parte de outro sindicato, no assessoramento a um Vereador, político, ou a quem quer que seja no sentido da confecção do Projeto. Este Projeto foi feito por nós e com a participação do Sindicato. E quero que os senhores saibam, com uma eficiência exemplar, excelente por parte dos componentes da direção do Sindicato. Meus parabéns à classe por ter pessoas de tamanha capacidade no sentido da busca das soluções dos problemas que afligem esta classe. Meus parabéns a todos vocês.

Agradeço aos Vereadores que manifestaram a aquiescência, a aceitação pelo Projeto, no que nos faz crer que ele passará de forma alvissareira, lépida e fagueira por este Plenário, no sentido da aprovação. Agradeço, também, a Emenda do Ver. Luiz Braz, que vem enriquecer, sobremaneira, o Projeto. Eu não vou fazer apreciação sobre a Emenda para deixar que ele o faça. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Eu sei que hoje é um dia difícil, mas eu vejo o orador falar, repetidamente, na Emenda do Ver. Luiz Braz. Eu não a vi, mas de passagem eu vi uma Emenda do Ver. Hermes Dutra. Eu gostaria de saber que Emendas são essas, ao menos para eu ler as Emendas, já que eu vou votar a favor, eu apenas quero ler.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu quero apenas esclarecer à Mesa e ao Plenário que como esta Emenda entrou no dia de hoje, ela não poderia entrar como Emenda de Vereador, teria que entrar como Emenda de Líder. Eu solicitei, dada a ausência do meu Líder naquela oportunidade, ao Líder Hermes Dutra, para que apresentasse a Emenda de autoria desse Vereador. É por isso que a Emenda que consta no Processo é subscrita pelo Líder Hermes Dutra, mas é a Emenda de autoria deste Vereador.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Já adiantando, também, eu recebo aqui o Parecer do Ver. Frederico Barbosa, que fala da Emenda de autoria do Ver. Mano José. O Ver. Frederico Barbosa explicou que o Ver. Mano José datilografou o seu nome, mas foi assinado pelo Ver. Hermes Dutra. Só para não ficar assim nos Anais, porque o Ver. Mano José não pode apresentar Emenda em última hora. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo inscrito, Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, meus cumprimentos aos senhores motoristas de táxi e motoristas de transporte escolar que hoje estão na Câmara Municipal defendendo seus interesses. Quero inicialmente cumprimentar tanto ao Sr. Ver. Adão Eliseu, pela oportunidade de apresentar este Projeto de Lei, como também a direção do Sindicato dos Motoristas de Táxi, por terem há muito começado esta luta no sentido de que esta injustiça que se faz com motoristas de táxi, que vêm ano após ano num processo de empobrecimento rápido, que faz com que eles tenham descido seus padrões de vida preenchendo com este Projeto uma lacuna muito grande que existe na Lei. O que nós vemos nos últimos tempos é que um motorista de táxi que ocupava uma situação quase que no meio da pirâmide, decresceu seu padrão de vida e hoje em dia já ocupa uma posição economicamente baixa em sua classe social. Está na base da pirâmide. Era na metade, passou a ocupar a base. Vemos um motorista de táxi que ganha muito pouco para exercer uma profissão muito perigosa. Quando tem uma peça estragada, tudo aquilo que ele ganhou na semana vai por água abaixo no conserto dessa peça. É necessário se preencher esta lacuna na legislação e se fazer justiça para os motoristas, e por isto saúdo o Ver. Adão Eliseu, autor do Projeto, e também ao Sindicato dos motoristas autônomos.

 

O Sr. Paulo Sant’Ana: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, quando V. Exa. fala em motorista de táxi, V. Exa. está querendo falar no proprietário do táxi?

 

O SR. LUIZ BRAZ: Eu quero dizer a V. Exa. que tanto o motorista de táxi quanto o proprietário, todos eles sofrem um processo de empobrecimento. Quem é que não sabe? Veja, nobre Ver. Paulo Sant’Ana, há algum tempo atrás, quando nós tínhamos, ainda, todas aquelas empresas funcionando na Cidade, nós tínhamos realmente uma maioria de motoristas e empregados do sistema, logo depois do fim das empresas, o que nós temos? Nós temos uma maioria de proprietários que estão dirigindo hoje em seus veículos pelas ruas da Cidade.

O que se verifica hoje é exatamente isto: quase todos os proprietários de táxis dirigem os seus automóveis. Quase todos eles, se não fizerem isto, não têm condições de sobrevivência, a não ser, Ver. Paulo Sant’Ana, naquele tempo em que existiam as empresas, aí sim, aí nós podíamos fazer realmente esta grande distinção entre empregado e entre empregador. Agora, nos dias atuais, é quase imperceptível esta diferença entre o proprietário e o motorista. Ela, praticamente, não existe.

 

O Sr. Paulo Sant’Ana: Eu também acho que não existe, os dois estão ganhando muito pouco, proprietário e motorista. O que ganha mais um pouquinho é aquele proprietário que trabalha no carro. Ganha um pouquinho mais, mas assim mesmo está mal, como também o usuário está sofrendo muito com o preço da passagem, tanto que os motoristas estão se queixando. “Zero Hora” noticiou isto ontem, me parece, que é o pior dezembro de todos os tempos para os táxis. Quer dizer, ficou todo o mundo na miséria, o dono do táxi, o proprietário, o usuário se queixando do preço da passagem. Veja. V. Exa. como está a situação. O Projeto deve contemplar benefícios maiores ao proprietário do táxi, mas praticamente estes são extensivos ao motorista empregado no táxi, também. Eu apenas queria, embora ambos estejam em situação ruim, deixar bem claro que existe diferença entre o motorista proprietário e o motorista empregado.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Paulo Sant’Ana, eu ainda insisto com V. Exa. que praticamente inexiste, hoje em dia, aquele que é só proprietário, aquele que não dirige, também, o seu automóvel. Normalmente vamos encontrar, hoje em dia, o proprietário que está dirigindo o seu próprio automóvel. A maioria, 80% praticamente dos que possuem táxi em Porto Alegre, dirigem seus automóveis. Eu quero também justificar uma emenda que colocamos no Projeto apresentado pelo Ver. Adão Eliseu e que tem a intenção de poder melhorar o Projeto. É uma tentativa que estamos fazendo de aperfeiçoar ainda mais o Projeto, e a nossa Emenda está no item 10 do art. 3º, que diz respeito à vinculação daquilo que ganha o motorista, o salário do motorista, e de acordo com o Projeto recebe a vinculação com os motoristas de ônibus. O item 10 diz o seguinte: (Lê.) “Salário do motorista: considerar-se-á o valor do salário dos motoristas de ônibus e transporte coletivo. Ônibus urbano, de Porto Alegre, mais encargos sociais de 35,86%, assim distribuídos: INPS, 19, 2%; 13º, 8,33%; férias, 8,33%”.

Nós estamos modificando essa vinculação: nós não estamos mais vinculando ao motorista de ônibus porque a qualquer instante que aconteça uma crise no transporte coletivo de Porto Alegre, esta crise iria afetar diretamente o motorista de táxi. Nós teríamos, então, duas categorias que estariam sofrendo com qualquer tipo de crise dentro do transporte coletivo urbano: o próprio motorista do transporte coletivo e também o motorista de táxi. Nós verificamos esta veiculação, que é do item 10, e veiculamos então o que ganha o motorista, o que é chamado no Projeto de salário do motorista. Fazemos esta veiculação com o salário mínimo, mantendo os mesmo padrões. Aquilo que está ganhando atualmente o motorista de ônibus, que é o valor de Cr$ 12 mil cruzados. É o que ganha o motorista de ônibus. Nós colocamos o seguinte: o valor daquilo que vai ganhar atualmente o motorista. Estamos alterando o que ganhará progressivamente esse motorista, pois qualquer desvalorização no salário dos motoristas de ônibus também causaria uma desvalorização no salário dos motoristas de táxi. Acreditamos que os motoristas de táxi são especiais, pois carregam um público bem diferente do que transporta o motorista de ônibus, que transporta uma população de baixa renda, que não tem poder aquisitivo suficiente para andar de táxi. O tipo de pessoa que vai ocupar o táxi é alguém que pode um pouco mais e que não é afetado pelas crises que atingem a classe baixa. Por isso, acreditamos que essa referência é providencial.

 

O Sr. Paulo Sant’Ana: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Cem por cento dos motoristas de ônibus recebem salários em Porto Alegre. Mas, V. Exa. afirmou que só 20% dos motoristas de táxi recebem salários; os outros 80% são donos de táxi que os dirigem. Portanto, não recebem salários. A sua Emenda, parece-me, calcula os 20% dos salários dos empregados de táxi e sob certo aspecto também calcula o que ganha o dono do táxi como recompensa somente pelo seu trabalho, sem o investimento, dirigindo seu táxi.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Tenho alguns amigos motoristas que disseram que, quando trabalham bastante, fazem uma renda diária de 1.800 cruzados. Têm um custo de 900 cruzados. Então, sobram, após os custos, pagando ou não empregados, porque tanto faz empregados como o empregador, eles estão numa situação de miserabilidade, autônomos ou não, os que são empregados estão numa condição ainda pior. Agora, os que são patrões arcam com ônus muito pesado, arcam com o ônus das peças. Qualquer peça que um táxi estraga num determinado dia, um pneu que tem que ser trocado, lá vai, talvez, uma semana de trabalho do motorista.

 

O Sr. Paulo Sant’Ana: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Última pergunta: o Projeto e a Emenda de V. Exa. visam a aumentar as tarifas ou não?

 

O SR. LUIZ BRAZ: O Projeto e a Emenda, quero dizer a V. Exa. que preciso encerrar, já que meu tempo está encerrado.

 

O Sr. Paulo Sant’Ana: O Ver. Flávio Coulon me responde que sim, que visa a aumentar a tarifa. O meu medo é que o usuário não embarque no táxi, mas vamos aumentar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: V. Exa. perguntou a este Vereador, e o Ver. Flávio Coulon está dizendo o pensamento que ele tem a respeito, e uma resposta que pode não ser a minha. O que eu digo a V. Exa. é que o que o Projeto visa ou a Emenda visa é exatamente poder adequar uma realidade à legislação.

 

O Sr. Paulo Sant’Ana: De que forma: aumentando a tarifa?

 

O SR. LUIZ BRAZ: V. Exa. acredita que, diminuindo a tarifa, nós vamos conseguir, neste processo inflacionário... Mas, não se trata de aumento de tarifa, aqui se trata, exatamente, de estabelecermos cálculos mais justos para a remuneração, tanto de serviços, de peças, de combustíveis. Trata-se de se adequar a uma realidade.

O SR. PRESIDENTE: Se houver a aquiescência dos Srs. Vereadores Clóvis Brum e Ana Godoy, o Ver. Hermes Dutra cede seu tempo a V. Exa., se os oradores mencionados concordarem.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Agradeço ao Ver. Hermes Dutra. Apenas para responder ao Ver. Paulo Sant’Ana, eu digo o seguinte: se, por exemplo, existisse um subsídio no item 6º, lubrificantes, se existisse para a gasolina, que também é gasta pelo motorista de táxi, não haveria aumento da tarifa de táxi. Então, não necessariamente existe o aumento tarifário, porque pode se dar o aumento para o motorista, sem aumentar a tarifa. É uma questão apenas, nobre Ver. Sant’Ana, de preços, mas enquanto os preços continuarem subindo muito aquém da inflação, nós não poderemos fazer nada a não ser subir tarifa.

 

O Sr. Paulo Sant’Ana: Era isso que eu queria que V. Exa. dissesse, tem que aumentar a tarifa, porque ela está pequena.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Mas não necessariamente. Se todos os insumos que são utilizados pelo táxi baixassem de preço, os números que estão aqui, não seria para aumentar a tarifa, a tarifa ficaria a mesma coisa e o motorista ganharia o justo para o que pudesse trabalhar. O que não é justo é que de repente o motorista esteja arriscando a vida para um trabalho realmente estafante, principalmente no verão, e não está sendo remunerado nem para sobreviver nos dias atuais.

Então, o que a Emenda quer é que pelo menos o motorista consiga sobreviver, é isso que o Projeto pretende.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu entendo, pelo que examinei o Projeto, é que se busca, através deste Projeto de Lei de autoria do Ver. Adão Eliseu, é o estabelecimento de critérios próprios para o reajustamento da tarifa. Agora, evidentemente que há condicionantes muito maiores em nível de macroeconomia, que vão condicionar inclusive essa legislação de natureza municipal. É evidente, e eu tenho certeza que esse seria o desejo de todos, que houvesse uma economia estável em que não houvesse inflação, e que se pudesse conviver com padrões estáveis. Mas, a realidade brasileira é bem outra, e eu acho que em qualquer critério não há alternativa que não o de aumentar a tarifa. Essa é a realidade nua e crua que temos que aceitar. Eu raciocino nos seguintes termos: os transportes urbanos da Capital não têm uma metodologia de cálculo, uma Lei Municipal promulgada pela Câmara de Vereadores, que estabelece os critérios de reajustamento da tarifa do transporte urbano e a partir dela se preenche uma planilha? Por que não existir em relação a quatro mil táxis que trafegam pelas ruas da cidade de Porto Alegre, também?

 

O Sr. Paulo Sant’Ana: Já existe!

 

O Sr. Isaac Ainhorn: Já existe, agora, o Projeto aperfeiçoa. O Projeto aperfeiçoa critérios defasados em relação à tarifa do transporte, porque o que se observa é o seguinte: é o sucateamento da rede de táxis existente na Cidade de Porto Alegre, e mais, embora tenha as isenções e que até hoje, essas isenções, nós estamos propugnando que se estenda a outros segmentos que não têm essas isenções, a exemplo dos companheiros que hoje estão aqui, que são os do transporte escolar, que deveriam ter isenções que não têm em relação à aquisição... (Palmas.)

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Isaac Ainhorn, apenas para dizer a V. Exa. que, quando no ano passado nós propusemos aqui neste Plenário para que a vida útil dos táxis fosse aumentada de dez para doze anos, nós não estávamos, naquela oportunidade, fazendo nenhum projeto demagógico. Nós estávamos, sim, fazendo um projeto que se adequava perfeitamente à realidade. Acontece que hoje, com o que ganha um motorista de táxi, o táxi atinge os dez anos de vida útil, como atingia os dez anos de vida útil e o motorista não conseguia trocá-lo. Então, eu precisei fazer aquele Projeto de Lei, que já é Lei, graças a Deus, hoje em dia, em que o motorista de táxi pode ter a vida útil de seu veículo aumentada para doze anos, para que pudesse ele ter um pouco mais de fôlego a fim de poder garantir a compra de seu novo veículo. Foi exatamente para isso que nós fizemos aquele Projeto de Lei, que foi aprovado por este Plenário.

 

O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, como disse o Ver. Isaac Ainhorn, o que está sendo proposto pelo Ver. Adão Eliseu não é nada mais, nada menos, do que a nova metodologia de cálculos para o serviço de táxis. Como já votamos para o transporte coletivo, vamos votar logo para os táxis. Está na hora; inclusive, nós já tivemos diversos pronunciamentos e nós estamos prontos para votar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Só para encerrar, nobre Presidente, aproveitando o que fala V. Exa. e o que falou o Ver. Isaac Ainhorn, quero dizer que para nós mexermos na tarifa do transporte coletivo, Ver. Paulo Sant’Ana, basta pegarmos a metodologia que foi aprovada na Câmara e alterar. Não precisa em momento algum trazer para esta Casa, muito embora respeite as idéias do Ver. Werner Becker, mas não precisamos trazer a tarifa para ser votada aqui na Casa, para mexer na tarifa. Mexendo na metodologia, mexemos na tarifa. Se alguém quiser, neste exato instante, mexer na tarifa do transporte coletivo da cidade de Porto Alegre, basta alterar a metodologia. É a mesma coisa que se faz atualmente com os motoristas de táxis: nós julgamos necessário dar um aumento tarifário para o motorista de táxi e, como se faz isto? Se faz alterando a metodologia. Ademais, muito embora, equivocadamente, eu tenha votado na Comissão de Justiça, e respondo ao Ver. Clóvis Brum que votei realmente um processo sem ler, votei o parecer do Ver. Flávio Coulon, vou votar aqui favoravelmente ao Projeto e espero que a Emenda seja aprovada pelo Plenário. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Gladis Mantelli): O próximo orador é o Ver. Clóvis Brum. V. Exa. tem dez minutos.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, inicialmente, solicitou-me o nobre Ver. Werner Becker, Líder do PSB, que transmitisse em seu nome, pois o mesmo não desejaria ocupar a tribuna, o seu voto favorável ao Projeto do Ver. Adão Eliseu, acrescentando que desde o início esteve e continua solidário aos taxistas neste Projeto e na sua luta. Estas são as palavras que transmito para que conste dos Anais, transmitidas pelo Ver. Werner Becker. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero dizer que talvez seja um dos primeiros projetos que voto nesta Casa com conhecimento de causa, que é o que trata sobre táxi. Para quem não conheceu o meu tempo de guri, quero dizer que estudava interno na Escola Agrotécnica do Passo Novo, em Alegrete, e, nas minhas férias, a fim de comprar os meus livros, pegava o táxi do meu pai, e assim trabalhei quatro anos. O que proponho ao Ver. Adão Eliseu, em hora muito oportuna, é a alteração de alguns incisos no art. 3º, o inciso III propriamente dito, o inciso IV, o inciso X, e o art. 4º da Lei nº 4.629. O inciso III, para que os senhores tenham uma noção mais exata, trata da manutenção. Pela atual Lei, Ver. Paulo Sant’Ana, é dado a estes motoristas apenas colocar nos seus custos sete incisos, sete itens: o motor recondicionado, o carburador, a bomba de gasolina, a mangueira, o radiador, correia, cabo e acelerador, como se não existisse no veículo sistema de freio, sistema de direção, sistema de transmissão, sistema de suspensão, sistema elétrico e tantos outros equipamentos necessários a justificar as suas despesas. Pela atual metodologia de cálculo da SMT, são computados apenas sete itens. E eu pergunto: os táxis não gastam lonas de freio, não gastam amortecedores, não gastam ponteiras de direção, não gastam nada do equipamento elétrico? Sra. Presidente e Srs. Vereadores, a planilha de custos do transporte coletivo é rica, é milionária em itens. Até o suspiro que o empresário do transporte coletivo dá, e que exige um pouquinho de esforço, está na metodologia de cálculos. Só não diz ali dinheiro para comprar oxigênio, mas, rigorosamente, está tudo o que se gasta no ônibus, está na sua planilha. Então, o Ver. Adão Eliseu procurou alterar esta metodologia, acrescentando que, no sistema do motor, todas as despesas com o mesmo, no sistema de direção, todas as despesas decorrentes desse sistema, caixa de direção, barra de direção, ponteiro de direção, amortecedor de direção, nada disto a SMT computava como despesa do taxista. Isto aqui eles ganhavam de presente! Eram presentes que eles ganhavam nas oficinas. Cabo de freio de estacionamento, lonas de freio traseiro, tambor traseiro, disco de freio, pastilhas dianteiras, reparos no cilindro médio, reparos no cilindro da roda, reparos no cilindro do freio! Nada disto eles gastam, e em nada disto eles gastam. Sistema e transmissão, seis assuntos, desde o disco de embreagem, cabo da embreagem, reforma da caixa de câmbio. A caixa de câmbio dos táxis nunca estraga! Sistema de transmissão, eixo traseiro, molas dianteiras, molas traseiras, amortecedores. Amortecedores de táxis nunca estragam! Os do meu carro estragam de seis em seis meses, o táxi, que anda todo o dia, em qualquer lugar, não estraga nunca. Não é aumentar a tarifa! Não está em jogo aumentar a tarifa ou não! Até pode ser diminuída a tarifa, por que não? Se o cálculo da tarifa está malfeito e, colocados estes elementos aqui, resultar num cálculo menor, vai diminuir a tarifa, o que eu acho impossível, porque aí nós estaríamos jogando mal com a matéria da SMT. Mas, rigorosamente, o que se vai fazer nesta tarde é um alinhamento de despesas que os taxistas têm no seu dia-a-dia, e que não estão no cômputo da planilha de custos com a qual opera a SMT. Nada mais justo! O Ver. Paulo Sant’Ana me cobra seguidamente que o imposto de renda é um inferno, me liquida, me dilacera, e eu também concordo. E o que tem que se fazer? Tem que se fazer uma alteração nesta carga tributária injusta do Imposto de Renda sobre a classe média! Então, o que estamos fazendo nesta tarde? Se está colocando na planilha de custos todas aquelas despesas que o taxista paga do seu bolso, sem poder ser ressarcido, porque a Lei não contempla essas despesas. Agora, se negar que é usada a lona de freio, que se usa líquido de freio, amortecedores, que se gasta com a suspensão, negar-se que nenhum táxi tem o direito de estragar a sua caixa de câmbio, isso seria negar a existência da própria máquina criada pelo homem. Não há o que discutir no Projeto. Quer-se, apenas, alinhar o que hoje o taxista paga do seu bolso e que, afinal das contas, quem tem que pagar é quem usa o táxi. É um absurdo a mão-de-obra paga para o conserto do táxi. Quando o Ver. Caio Lustosa leva o seu carro na “Gaúcha Car”, ele paga em função das horas de trabalho dos mecânicos. Me diz o Ver. Caio Lustosa que ele mesmo conserta! Mas qualquer oficina cobra por hora. Isto não tinha na planilha de custo. É o taxista que conserta seu táxi, quando sabemos que este serviço é realizado na oficina. Se há algum Vereador que seja próspero empresário, e todos aqueles que são ligados ao setor sabem que qualquer empresa, além de remunerar o seu capital, têm o pró-labore do seu diretor. O único que não tem salário, hoje, segundo a lei vigente, é o taxista. Para efeito do cálculo da tarifa, não existe salário do motorista. Existe qualquer coisa que fale sobre “dados ilusórios”. Aquele que comprou seu táxi, que usou todas as suas economias, muitos são do interior, vendem a sua casinha lá no interior, estes não têm salário. Eu sou testemunha ocular disto - a única casinha que tinha em Uruguaiana foi vendida para comprar um táxi. Era o meu pai, que vendeu a sua casa para comprar um táxi em Viamão, porque não podia comprar em Porto Alegre. Então, vendeu sua única casa em Uruguaiana e jogou todo o seu dinheiro ali. Pois sabem qual era o salário do meu pai? Era exatamente aquilo que sobrava da sua jornada de trabalho, porque não tinha um salário fixo. E é justo que o motorista saia do seu lar, sem saber se volta ou não, desconhecendo se vai receber alguma coisa, ou se vai depender, simplesmente, do sucesso ou do insucesso do seu táxi? Justíssima alteração proposta pelo Ver. Adão Eliseu. E eu concluo, porque não há muito que dizer. No art. 4º, Ver. Jorge Goularte, a Lei atual diz que, só depois de seis meses de um aumento é que pode vir outro aumento; como que o taxista que tem o seu carrinho para comer, para sustentar a sua família, pode dar sustentação para o nosso Bresser Pereira, ou para a nossa Secretária da Fazenda do Município? De que maneira? 400% de inflação.

 

A SRA. PRESIDENTE: Vereador, o tempo de V. Exa. está esgotado, mas o Ver. Werner Becker se inscreve e cede o tempo a V. Exa., desde que a Verª Ana Godoy, inscrita antes, concorde. (Assentimento da Verª Ana Godoy.)

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Agradeço ao Ver. Werner Becker e aos demais inscritos. Só para me valer de dois argumentos: chega o Ver. Paulo Sant’Ana e diz 400% a inflação em um ano, isso grosso modo, e o Ver. Jorge Goularte diz que não é nem de mês em mês o aumento de gasolina neste País, e isso é uma conjuntura toda; agora, vejam bem, o ônibus chegou a 25% de aumento, só que o aumento do ônibus repercute muito mais rapidamente do que o aumento do taxista, porque estes 25% do ônibus estouram em cima de mais de 1 milhão e 200 mil almas desta Cidade, transportadas diariamente, o que não ocorre com os 15% propostos pela modificação do art. 4º do Projeto do Ver. Adão Eliseu; 15% de aumento no combustível dos táxis deve ocorrer de dois ou três em três meses, e 15% é um aumento que não repercute com tanta profundidade como repercute 25% do transporte coletivo, que transporta aquele que não pode andar mais de ônibus nesta Cidade; quem usa o táxi, Ver. Aranha Filho, é quem pode pagar; o transporte coletivo é diferente, o trabalhador que anda de ônibus, o filho não vai para a escola. Votamos favoravelmente. Aceitei o aparte do Ver. Aranha Filho, que nos convida à votação, mas, antes, não quero tirar o direito a que outros Vereadores inscritos se façam falar, até porque são de representação política diferente da minha. Senão, sem dúvida alguma, eu concordaria com V. Exa. Eu quero ver aqui, nesta tarde, a eloqüência, o calor trepidante deste grande orador, deste fenômeno da televisão que é o Ver. Paulo Sant’Ana, que vai defender com brilho, com mais competência, com mais eloqüência, com mais sapiência de que este humilde Vereador. Confio em V. Exa. a defesa destes humildes trabalhadores, Ver. Paulo Sant’Ana. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: A próxima oradora inscrita é a Verª Ana Godoy. V. Exa. tem dez minutos.

 

A SRA. ANA GODOY: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, companheiros taxistas que estão aqui presentes; digo companheiros taxistas, porque freqüentemente a gente se encontra aí nos perigos até da noite, quando a gente está em reuniões que a gente participa da organização do trabalho no movimento comunitário, e que eu tenho a honra de ser guardada por taxistas, que às vezes fazem este trabalho até gratuitamente, visando ao bem comum, à organização e à conscientização da população. Mas, Sra. Presidente, Srs. Vereadores, nós analisamos este Projeto e vimos algumas falhas técnicas, alguns dados que nós, analisando, seria prejudicial para a categoria. Porém, é a solicitação de uma categoria que aqui está organizada - e nós buscamos a organização - e esta categoria é bastante consciente do que deseja. Não vou entrar num discurso bonito, falando das dificuldades que os taxistas passam, sobre os riscos e várias outras coisas que passam, não no dia-a-dia do taxista e sim na noite do taxista, que é pior que o dia, enfim, não vou entrar neste discurso bonito. Vou dizer apenas a realidade. Reivindicam uma planilha, é correto. Há necessidade de uma planilha. Esta planilha, porém, há necessidade de um estudo mais prolongado para que ela seja bem aperfeiçoada. No momento, nós votaremos a favor da planilha como está, por ser uma reivindicação da classe que está aqui reivindicando organizadamente; porém, colocamos à disposição da classe também a nossa assessoria técnica para, posteriormente, no próximo ano, aperfeiçoarmos esta planilha e entrarmos, quem sabe, com uma emenda para que ela fique perfeita, conforme o desejo da categoria e para que os taxistas não sofram prejuízos.

Não vou me alongar mais, pois já são quase cinco horas, os taxistas têm trabalho por fazer e os Vereadores têm uma extensa pauta até a meia-noite de hoje para cumprir. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Paulo Sant’Ana.

 

O SR. PAULO SANT’ANA: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, o seu Ubiratan, que é o Presidente do Sindicato dos Motoristas, chegou aqui de mansinho, na moita, há uns dez dias, e me cantou: “Sant’Ana, tu vais ter que dar um votinho pra nós, porque tu és o cara da Lei de não fumar nos táxis...” Ele é contra. É incrível, mas o Presidente do Sindicato dos Motoristas é contra a minha Lei de não fumar nos táxis! E tem muitos motoristas que são contra, e os usuários, quase todos são contra também. Eu acho que está certo, tem que ter opinião. Aí, eu disse: “Eu não vou votar nessa Lei”. E saí, pra valorizar o meu passe. Aí, ele veio de novo, ele e aquele outro de óculos, que está lá do lado dele e é terrível. Me conversaram, me conversaram... Não adiantava me conversar. Mas, aí, me deram argumentos. E eu cedi. Vou votar a favor da Lei do Ver. Adão Eliseu e da Emenda do Ver. Luiz Braz. Mas, eu pergunto: a par de ser extraordinária, heróica, exaustiva a luta desses homens, é por esse caminho que eles vão obter justiça quanto aos rendimentos, ou salariais, ou de investimentos, em táxis que eles têm? É esse o caminho? Porque nós temos que traduzir isso que está acontecendo aqui na Câmara de Vereadores: nós estamos alterando os critérios de reajuste, não é aumento, nas tarifas de táxi, e, evidentemente, nós estamos alterando o sentido de elevar as tarifas dos táxis, mas a “Zero Hora” de ontem, ou anteontem, publicou que o pior dezembro da história dos táxis tem sido este. Motorista de táxi sabe de tudo, as notícias que os jornais publicam, muitas vezes os motoristas têm conhecimento antes, porque o passageiro senta - esposa de político, mãe de político, etc. - e vai dizendo tudo. Eles sabem porque o usuário está achando cara a tarifa.

Entre o programa de televisão das onze ao meio-dia, quando dei uma “sarrafada” na cabeça do Ver. Kenny Braga, e o outro das treze às quatorze horas, quando o Ver. Kenny Braga deu uma “sarrafada” na minha cabeça, debate onde se decidia se o Flamengo e Internacional decidiam tudo; entre um programa e outro eu e o Ver. Kenny Braga fomos até o Restaurante Copacabana, tomamos duas cervejas e comemos alguns acepipes, não comemos massa nem picanha, pedimos acepipes e uma cervejinha - 462 cruzados. O Ver. Kenny Braga, muito pão-duro, queria dar só os 462, dei os outros 38 cruzados, 500 cruzados, paguei eu os 500, porque o Ver. Kenny Braga está sempre pelado, pensei que ele iria me pagar hoje, mas fiquei na saudade, ele é um bom pagador, demora uma semana, mas paga. Quinhentos cruzados, duas cervejas e os acepipes. Está tudo caro.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Paulo Sant’Ana, veja o seguinte: V. Exa., por duas cervejinhas geladas, mais os acepipes e tais, V. Exa. e o Ver. Kenny Braga pagaram 500 cruzados. Veja V. Exa. o seguinte: eu, para vir para cá, e vou dizer para V. Exa. que achei relativamente barato, saí lá do Hotel Plaza e vim até aqui e paguei 80 cruzados de táxi. Não está caro; consideravelmente, é o Copacabana que está mais caro do que o serviço de táxi, considerados os padrões que V. Exa. está argüindo.

V. Exa. sabe que nos Estados Unidos e no México, onde V. Exa. foi comentar os jogos, V. Exa. sabe que não se anda em táxi por menos de 300 ou 400 cruzados, neste trajeto aqui.

 

O SR. PAULO SANT’ANA: Hoje a Casa está sensacional. Ouvimos agora o grande Vereador progressista Isaac Ainhorn dizer que freqüenta diariamente o Hotel Plaza. E esses dias me chamou de conservador, e eu tomo o meu aperitivo no Copacabana, e quando me hospedo, me hospedo num hotel de quinta categoria na Voluntários da Pátria. É, e ele me chama de conservador.

Hoje é o dia das revelações. A Verª Ana Godoy, do PT, disse hoje aqui da tribuna que ela se encontra com os motoristas de táxi a noite. E eu e mais alguns dois Vereadores aí é que somos acusados de boêmios. E a Verª Ana Godoy é a dona da noite. É brincadeira!

Voltando ao assunto fulcro do meu discurso. Será que é por esta maneira que os motoristas de táxi e os proprietários de táxi vão ter melhores retribuições ao seu salário, ao seu esforço e ao seu investimento? Eu não creio, mas eu acho a luta válida, Sr. Ubiratan, porque não dá para dormir, tem que ter vigília aos interesses, é uma pena que os usuários não tenham uma associação, porque se eles tivessem, estariam hoje aqui. E é possível até que os usuários, se ouvissem os argumentos da tribuna, concordassem com este Projeto, é possível, porque o Vereador é usuário do táxi e vai votar a favor.

Agora, o País está sem solução. Esta é uma meia medida, mas é uma meia medida que nos compete, por isso estamos agilizando e votando este Projeto, mas a inflação, e o desgoverno, e o descontrole governamental, e a desesperança do povo, como o próprio Ver. Caio Lustosa, do PMDB, admite, são questões inexoráveis nesta Pátria.

Só para ilustrar o que eu quero dizer, que isto é uma meia medida. Eu já disse isto da tribuna. E este Plenário inteiro está convencido disto, que se os senhores derem uma metodologia de cálculo para a passagem de ônibus, para o Prefeito ou para a Câmara de Vereadores, com a mesma metodologia de cálculo o Prefeito pode colocar a passagem a 12, a 14, 18 e 20 cruzados. Com a mesma metodologia de cálculo ele coloca qualquer preço.

 

A SRA. PRESIDENTE: Nobre Ver. Paulo Sant’Ana, o tempo e V. Exa. está esgotando. V. Exa. passa a falar no tempo que lhe cede o Ver. Paulo Satte.

 

O SR. PAULO SANT’ANA: Se houvesse justiça nas tarifas dos táxis, não precisava este Projeto, que a bandeira já está a 50 cruzados hoje. Com a metodologia antiga que está vigendo, a bandeirada já estaria a 50 cruzados. Eu só tenho medo, Sr. Ubiratan e companheiros de diretoria e motoristas de táxi que nos prestigiam com a presença hoje... mas por culpa desse redemoinho, desta construção de loucura em que está virado o País. Eu comprei quatro pilhas de rádio, as menores, por 16 cruzados numa semana, 48 cruzados na outra semana, e 60 cruzados na semana seguinte.

E vejam V. Exas. que a bandeirada em São Paulo está 54 cruzados - o Ver. Adão Eliseu me disse agora - e em Porto Alegre está 32 cruzados, e o preço do álcool, da gasolina, em Porto Alegre é o mesmo preço que em São Paulo.

 

O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, eu acho que V. Exa. toca num assunto muito importante, que é o preço da tarifa ao usuário: me parece que está chegando a vez do meu Projeto, que cria o transporte solidário para o táxi, que eu espero ver aprovado no início do próximo ano.

 

O SR. PAULO SANT’ANA: Eu sei, V. Exa. quer que um motorista que vai, por exemplo, pela João Pessoa, possa pegar três passageiros que se dirijam para o Partenon. Pega cada um a 30 cruzados e está feita a corrida. Tem que ter e eu estou com o Projeto de V. Exa.

 

O Sr. Jorge Goularte: O meu Projeto reparte a Cidade em radiais, sendo que as pessoas que vão para a mesma radial pegam o mesmo táxi, só que o primeiro tem que ter alguma vantagem.

 

O SR. PAULO SANT’ANA: O motorista faz uma corrida até Ipanema e não tem volta. Ele poderia trazer 3, 4 passageiros, que dividissem o preço da tarifa. O Projeto de V. Exa. tem que vir urgente para esta Casa, porque ele é bom, e este Projeto é bom para o motorista e não é bom para o usuário, agora o de V. Exa. é bom para o motorista e é bom para o usuário.

Sr. Presidente, para encerrar, sou favorável, mas temo - e este temor é meu e é dos motoristas - que tenhamos cada vez menos usuários para os táxis em Porto Alegre. Não por culpa dos motoristas, não por culpa desta Casa, mas por culpa da calamitosa administração que vem sendo empreendida neste País há mais de 20 anos, que não mudou com a Nova República, e que não sei quando é que vai mudar. Antes que ela mude, nós ficamos aqui dando migalhas para os motoristas de táxi. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Flávio Coulon.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, tenho em mãos uma publicação da EBTU, de outubro de 1987, que demonstra que, na bandeira 1, os táxis de Porto Alegre são os mais baratos do Brasil: Cz$ 14,00 em Aracajú; Cz$ 16,00 em Belém; Cz$ 13,00 em Belo Horizonte; R$ 33,00 em Boa Vista; Cz$ 22,00 em Brasília; Cz$ 12,00 em Curitiba; Cz$ 18,00 em Florianópolis, e 12 em Porto Alegre. A bandeira 2 em Porto Alegre é também a mais barata do Brasil. A bandeirada de Porto Alegre não é a mais barata, mas é uma das mais baratas. A corrida de 3km, de Porto Alegre, tanto na bandeira 1 quanto na bandeira 2, é a mais barata do País. A corrida de 10km, também, e a corrida de 25km, também.

Agora, não me parece que a alteração setorial que está sendo proposta aqui é o caminho de os motoristas conseguiram a tarifa justa do táxi. A política de transporte no Brasil está totalmente errada e vai inviabilizar esse tipo de transporte, porque, conforme falou o Ver. Paulo Sant’Ana, tudo se conduz no sentido de que vai ficar impossível ao usuário andar de táxi. Existe uma política de incentivo, no Governo Federal, que os motoristas de táxi, ao comprarem seus veículos, de porte médio ou grande, recebem certos incentivos, o que, em longo prazo, vai levar ao aumento substancial no valor da tarifa. Porque o capital é maior, a manutenção é mais cara e tudo que gira em torno desse tipo de transporte concorre ao aumento da tarifa.

 

O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O incentivo em tela é o Pró-Álcool e impostos, a fim de que os motoristas adquiram seus veículos sem ICM e outros impostos. Ocorre que os Governos do Estado, com a perda do Estado, não estão permitindo. Isso está ocorrendo em São Paulo e aqui, razão pela qual as montadoras não estão largando os carros. Isso foi o depoimento que ouvi. É um problema sério para os proprietários de táxis que não estão reformando sua frota. Não estão repondo.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Mas, se estivessem repondo, a manutenção e outros itens seria mais cara.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O carro que está sendo reposto vai pronunciar uma manutenção mais cara, mas também vai propiciar um trabalho de maior qualidade. O usuário de táxi vai ter oportunidade de andar num veículo que vai lhe dar toda tranqüilidade possível para que ele possa se locomover de um lugar para outro. Sendo assim, seria até normal que esse usuário que está tendo uma melhor qualidade pague por essa melhor qualidade.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Vereador, V. Exa. trouxe subsídio para o que eu estava dizendo. Ou seja, do jeito que as coisas vão, o transporte de táxi será altamente elitizado e ninguém, com raras exceções ,vai poder tomar esse transporte.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para complementar, nobre Ver. Coulon, eu quero dizer que o serviço de táxi de qualquer local, de qualquer lugar do País, é um serviço que é dado para uma população de classe média. Eu digo para V. Exa. que, por exemplo, o serviço de táxi não pode ser usado pelo assalariado. Eu gostaria que acontecesse, mas não acontece. Uma coisa é nós defendermos aqui a tarifa do transporte coletivo, outra coisa é defendermos o serviço alternativo que é o do táxi.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Eu agradeço, realmente, o seu aparte, porque ficou explicitado por V. Exa. que táxi não é transporte de táxi, de jeito nenhum, é só para rico.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acho que V. Exa. tem toda razão Vereador, realmente o serviço de táxi está se elitizando, de tal modo que tende a desaparecer, a exemplo até do risco que corre o País com relação a um outro transporte que está se tornando inviável, que é o transporte escolar.

Então, veja V. Exa. o seguinte: nós devemos dar nome aos bois a dizer quem é o responsável por essa situação em que o País se encontra. O que o taxista precisa é de usuário para o seu serviço, o que o transportador escolar precisa é que os pais de alunos contratem o serviço de transporte escolar, porque, se não houver número... E não é de rico o transporte escolar, é a classe média que usa.

Então, o que está acontecendo, Vereador, é um processo de elitização decorrente de um achatamento salarial brutal que nunca houve na história do Brasil. E V. Exa., que é do Governo da situação, que é do PMDB, deve responsabilizar o Governo Central da União por essa política desastrosa que está levando todo o mundo à bancarrota, o que usa e o do táxi, todo o mundo está entrando neste barco, pensa este fato como um fato concreto e por isso usa esses mecanismos que estão aí. Mas a realidade é esta, Vereador, novamente eu concordo com V. Exa., há um processo de elitização. Por quê? Porque as pessoas não têm condições de andar de táxi porque estão com os seus salários achatados. Culpa de quem? Do Governo do PMDB. Do Governo José Sarney.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Nobre Vereador, é por isto que a gente tem má vontade em dar aparte a V. Exa., porque é sempre o mesmo discurso e a mesma coisa.

 

A Sra. Ana Godoy: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu gostaria de colocar a V. Exa. que realmente é um transporte elitizado, porém, reconhecer aqui desta tribuna que, embora seja um transporte elitizado, muitos taxistas, e acho que todos eles, prestam até o serviço de pequenos socorros gratuitamente, eles fazem este trabalho diariamente. Freqüentemente se vê pessoas que estão em desespero para irem para o hospital e os taxistas prontamente levam para o hospital sem cobrar. Eu creio que isto também tem que ser levado em conta.

Por outro lado, se acaso é um transporte elitizado, só a classe alta tem, o nosso incentivo é que seja só para a classe alta mesmo, seja só para a burguesia, os pobres vão andar de ônibus e, com o tempo, se todos formos pobres, nós vamos todos andar de ônibus.

Agora, o nosso processo vai se dar gradativamente, se houver erros no momento e os taxistas venham a ser prejudicados pela falta de usuário, é um ônus que a própria categoria vai assumir, no momento em que pediu que nós aprovássemos este Projeto. Era só.

 

A SRA. PRESIDENTE: Nobre Vereador, o tempo de V. Exa. esgotou, eu me inscrevo e cedo o meu tempo a V. Exa.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Sou grato, Sra. Presidente. Antes de passar a palavra ao Ver. Caio Lustosa, eu gostaria de registrar que é um momento histórico, onde o PT assume que, realmente, o transporte de táxi é elitizado, que pobre não deve andar de táxi e que vai batalhar e vai votar a favor de uma planilha que vai aumentar o valor do táxi. Acho que é um momento histórico que nós estamos vivendo aqui, Verª Ana Godoy, que significa uma evolução do Partido dos Trabalhadores.

 

A Sra. Ana Godoy: Realmente, o Partido dos Trabalhadores defende que não existam pobres nem ricos, mas dentro de uma sociedade capitalista como a que vivemos, é impossível dizer-se que quem ganha salário mínimo possa andar diariamente de táxi.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Estou tentando provar da tribuna que em não existindo uma política de transporte de táxi no Brasil e existindo um projeto que ataca setorialmente um determinado item da planilha, o que vai ocorrer? Vai ocorrer um aumento da tarifa. O quanto desse aumento que vamos votar aqui não está explicitado no Projeto. Não se sabe o quanto. Isto, os Vereadores que defenderam, defenderam na base de que os taxistas precisam de um aumento e que esta é uma maneira de se conseguir dar um aumento aos taxistas. Quero deixar bem claro que está sendo dado, através desta modificação setorial na planilha, porque no meu modo de entender o caminho não é este trilhado aqui, e sim fazer uma reavaliação global do custo do táxi e se chegar a um valor sério, global, de peso, e não setorialmente. Todo mundo vai votar um aumento de tarifa de táxi e eu fico até emocionado em saber que o Partido dos Trabalhadores vota a favor do aumento, sem levar em consideração os usuários desse tipo de transporte, porque já admitem que é a elite e tem que pagar.

 

O Sr. Caio Lustosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Coulon, até acho que V. Exa. pode ter razão nesta avaliação global do Projeto, mas acho que o Ver. Adão Eliseu, se não pode fazer um projeto ótimo, exaustivo, contemplando todos os itens, uma planilha que pudesse atender inclusive o interesse dos usuários, faz o que pode e, em princípio, esse Projeto vai merecer de minha parte o voto favorável, porque é o que temos aqui, hoje, para votar. Muitas vezes o ótimo é inimigo do bom. Agora, só não concordo com certas demagogias que vem do lado de lá, às vezes, não é do Ver. Kenny Braga e nem do Ver. Adão Eliseu, que procura ficar tirando partido desta questão nacional que eu acho que está muito errada. A nível municipal, nós temos que ir resolvendo as coisas, não podemos ficar no aguardo de soluções mágicas da Ilha da Fantasia. Por exemplo: há um ano eu estou tentando com a Secretaria Municipal dos Transportes, no sentido de que os taxistas, quando socorrem os feridos, os acidentados da Capital, tenham o direito de ter os seus carros lavados pela SMT. É uma retribuição mínima em proveito de tantas vidas e do desafogo deste ônus que os taxistas também sofrem, conforme o que a Verª Ana Godoy colocou. Pois faz um ano que este processo tramita na SMT, já engavetaram, já perderam o projeto, e, até hoje, nós não temos solução. Isso é para mostrar, também, que as coisas, a nível da SMT, em relação aos táxis, não andam bem. Em princípio, o meu voto, e já posso assegurar, será a favor deste Projeto, não como uma solução ideal, mas como uma solução possível no dia de hoje.

 

O Sr. Adão Eliseu: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Flávio Coulon, eu respeito o pronunciamento de V. Exa. por ser V. Exa. um padrão de Vereador, laborioso, muito trabalhador, mas não consegui, até o momento, convencê-lo de que o Projeto, como diz o Ver. Caio Lustosa, pode não resolver todos os problemas dos motoristas de táxis, mas é uma solução pequena, modesta, que os ajudará. Agora, eu tenho esperança numa modificação de opinião de V. Exa., por ser um Vereador trabalhador e muito laborioso, que, depois desta discussão, V. Exa. terá compreendido que nós não estamos resolvendo os problemas dos usuários e motoristas. Nós vamos resolvê-los por partes, o meu Governo, o de V. Exa., e V. Exa. mesmo, porque eu sei que as intenções de V. Exa. são essas. E, no momento, estamos tentando resolver os problemas dos motoristas de táxi. Eu tenho esperança que V. Exa. mude sua opinião a respeito do Projeto e vote favoravelmente.

 

O Sr. Getúlio Brizolla: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu gostaria de colocar, como eu sou da Comissão de Finanças e sou favorável, que deixem esse pessoal trabalhar. Eu já não me inscrevi para não prorrogar esse trabalho. Eles querem trabalhar, eu acho certo o Projeto do Ver. Adão Eliseu e voto favorável. É o início, não é tudo, mas é o início. Então vamos deixar esse pessoal trabalhar. (Palmas.)

 

O SR. FLÁVIO COULON: Muito obrigado pelos apartes. Assim como esse pessoal ganha para trabalhar, Vereador, eu também ganho para trabalhar aqui, estou fazendo para merecer o salário que eu ganho. Eu queria chamar a atenção, Ver. Caio Lustosa e Ver. Adão Eliseu, em primeiro lugar, que esse problema das planilhas é a mesma coisa que aquelas gratificações que nós ficamos empilhando, dos funcionários da Prefeitura e dos funcionários do Estado. Não resolve o problema. Se eu tivesse certeza, e se estivesse provado dentro do Processo que, realmente, essa nova sistemática iria resolver o problema, poderia até ser que V. Exa. me comovesse e eu trocasse de opinião. Eu tenho certeza absoluta que isto aqui não vai resolver a situação e que, brevemente, nós vamos voltar num outro item, mexendo lá. Agora, eu quero chamar a atenção especialmente ao Ver. Caio Lustosa que, em relação ao índice de ocupação da frota o Projeto, especifica que “considerando o aproveitamento de percentual, avaliado sistematicamente pela Secretaria Municipal de Transportes ou pelo Sindicato” ou seja, nós estamos aprovando aqui que a Secretaria Municipal dos Transportes delegue competência para o Sindicato fixar qual é o índice de ocupação da frota, e nós estamos aqui sacramentando, praticamente, um aumento mensal do táxi, com a inflação galopante que vem aí, ou que já está aí, porque ao contrário dos outros transportes coletivos, onde ficou fixado que só seria aumentado quando o custo final do quilômetro atingisse uma majoração de 25%, aqui, neste Projeto, estranhamente, se dá um percentual diferente para este tipo de táxi - é apenas 15%. Ou seja, nós estamos, aqui, sacramentando e tirando do Executivo a responsabilidade de fixar as tarifas. A Câmara está aprovando aqui que, cada vez que a planilha, segundo esta nova sistemática, inclusive, aumentar 15%, automaticamente vai haver um reajustamento nos transportes.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu creio que não está escrito isto aí, não é automático.

 

O SR. FLÁVIO COULON: (Lê.) “Os pedidos de reajuste serão apreciados, a pedido do Sindicato (...) sempre que o custo final do quilômetro rodado estiver defasado em mais de 15%”.

 

O Sr. Artur Zanella: “Serão apreciados”, não é obrigatório. Então, o Sr. Prefeito não poderá dizer, como sempre diz, que nós é que estamos fazendo. Acho que está muito bom. Inclusive, na Emenda, eu vou alterar isto aí.

 

O Sr. Paulo Satte: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Com todo o respeito, Vereador, se V. Exa. acha que é desta forma, por que não entra com uma emenda para que a tarifa não seja reajustada mensalmente?

 

O SR. FLÁVIO COULON: Eu não entrei com uma emenda porque, dentro da técnica legislativa, quando se é contra o projeto, não se deve emendá-lo e, uma vez que sou contra o Projeto, não devo emendá-lo. Esta é a razão que sempre me leva, quando sou contra o projeto, a não emendá-lo e votar, sistematicamente, contra o projeto e contra as emendas.

 

O Sr. Paulo Satte: Dentro desta crise que estamos enfrentando, duvidamos que V. Exa. ainda venha a votar contra este Projeto, porque os aumentos de combustível vêm quase que trimestralmente. Isto é uma questão de consciência, Vereador.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Vereador, é uma questão que a Casa vai decidir. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, rapidamente, colocaria minha posição, para dizer que este não é, como foi dito aqui, um projeto tranqüilo. Tanto não foi tranqüilo que, na nossa Comissão, houve uma divergência e, por incrível que pareça, eu, apesar de ter votado contra o Parecer do Ver. Rafael Santos, sou obrigado a dizer que o mesmo estava correto, porque a nossa Comissão é a de Economia e Defesa do Consumidor, enquanto que a Comissão que deve opinar sobre planilha é a Comissão de Transportes; então, correto o Parecer do Prof. Carlos Rafael dos Santos, dizendo que, sob a ótica do consumidor, do que paga, o Projeto não era adequando; então, para aqueles que me disseram, mas o Prof. Rafael... Não, ele colocou como se deve colocar, e inclusive o meu voto, que foi o decisivo, foi o terceiro, foi feito de acordo com o Prof. Rafael Santos, que não abrindo mão da sua ética e de sua seriedade técnica, concordou que deveriam ser feitas mudanças na planilha. Segundo lugar, queria dizer que os senhores são testemunhas da forma como estamos votando, no do transporte escolar estamos fazendo 4 ou 5 emendas e analisando umas 7 ou 8 emendas, tudo em uma tarde em se deve concluir os trabalhos. Então, eu, pessoalmente, e aqueles com quem vamos conversar, votaremos favorável, porém, nos resguardando o direito de, verificando algum erro, alguma omissão, de apresentarmos um projeto, futuramente, alterando essa situação. E os senhores vejam, por exemplo, que a depreciação, que aparece no carro como 20%, vai trazer um problema até contábil para as empresas, principalmente porque, após um determinado tempo, esses carros com depreciação de 20% ao ano, contabilmente, não existirão mais, mas continuarão circulando, recebendo tarifas. Estão, a depreciação, se não estou enganado, deveria ser de 8,33% ao ano, desde que a vida útil, máxima, fosse de 12, mas não vamos, agora, neste momento, colocar isso. Também a Emenda do Ver. Luiz Braz, assinada pelo Ver. Hermes Dutra, é absolutamente, estou falando da Emenda, é absolutamente inaceitável a forma como foi redigida, e eu vou votar a favor. É que o Ver. Luiz Braz fez toda uma argumentação mostrando que o salário mínimo, o parâmetro teria de ser seis salários mínimos. Fez uma argumentação de que era seis e no final corrigiu à tinta, dizendo que era cinco. Esta Emenda foi votada, foi analisada e está aqui, à mão. Até acho que seja correto, mas a Emenda está errada.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exa. vê na própria justificativa da Emenda que o que buscamos é fazer com que os salários mínimos, sejam cinco ou seis, coincidam com aquilo que está recebendo atualmente o motorista de ônibus. Por isto, o primeiro cálculo em que estávamos fazendo a justificativa, colocamos seis e está errado, logo após, cinco salários mínimos, o que significa o que está recebendo agora o motorista de ônibus. Com referência aos 20%, que também consta, este valor significa o valor residual, o valor da revenda com o desgaste todo do carro, não é o valor pura e simples de 20%. Por isto, o Projeto apresenta talvez dados que V. Exa., analisando cruamente, poderia ferir o que realmente os motoristas querem buscar.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Não estou dizendo que cinco ou seis sejam melhor, mas sim que estamos votando com tal pressa que vem uma emenda com toda uma justificativa fixando como parâmetro seis, a justificativa, e na hora de votar aparece cinco. Estou mostrando a dificuldade que se tem para votar coisas de afogadilho. Continuo insistindo na depreciação de que para as empresas vai chegar o momento em que o custo na contabilidade será um custo zero. Não sei, isto tem de ver bem, depois, se a venda desse carro por um valor residual não vai redundar num Imposto de Renda a pagar maior para aqueles que têm emprego ou até como Pessoa Física. O que quero dizer é que com um esforço concentrado, para que no último dia se aprove a matéria, provavelmente aparecerão senões e problemas que deverão ser corrigidos futuramente. Então, espero que não nos cobrem, ao menos de nós, que nós aprovamos e depois alteramos alguma coisa. Nós vamos concordar e votar favorável, porém dentro deste espírito que é o espírito para cooperar, para dar aos motoristas e proprietários de táxis melhores condições de trabalho para uma classe que, durante o ano inteiro em que eu fui Secretário Municipal dos Transportes, eu vi a sua organização, vi o seu espírito de luta e, principalmente, eu vi as condições precárias em que atuam, arriscados a assaltos, a acidentes, a trabalhar da forma mais insalubre possível, e que por isso merecem desta Casa e receberão, no dia de hoje, todo apreço, toda a consideração e todo apoio. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o Ver. Rafael Santos. V. Exa. tem dez minutos.

 

O SR. RAFAEL SANTOS: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, venho à tribuna para deixar clara a minha posição com relação a este Projeto que estamos votando. O Ver. Artur Zanella tocou já de leve no problema. Realmente, eu dei um parecer contrário ao Projeto na Comissão de Defesa do Consumidor. Me acompanhou no voto o Ver. Lauro Hagemann e fomos derrotados por 3 a 2. Houve um novo parecer, favorável, e votei novamente contra o parecer favorável. E por quê? Porque me parece que as Comissões têm um sentido técnico. A CJR, ela deve examinar o aspecto legal do projeto, não o mérito do projeto. Deve examinar se o projeto é legal ou não é legal. No caso específico desse Projeto, o mérito do Projeto deveria ser examinado - e o foi - na Comissão de Transportes. Na Comissão de Defesa do Consumidor, nós temos que examinar o Projeto em função do consumidor, no caso, o usuário. E, realmente, embora alguns Vereadores tenham tentado negar a realidade, o fato é que, aprovado esse Projeto, haverá um aumento de tarifa. Esse é um fato inegável. Se esse aumento de tarifa é uma conseqüência de outros fatores - e de fato é -, não invalida que o Vereador que está na Comissão de Defesa do Consumidor seja contrário a esse aumento. Em Plenário, a situação muda. Aqui, eu não estou na presença de uma comissão técnica, eu estou em Plenário, eu devo avaliar os pareceres das diversas comissões para, então, posicionar o meu voto. Eu entendo, Sra. Presidente, que o transporte de táxi, em 90% da sua utilização, é utilizado como um transporte de emergência - pela pessoa doente, pela pessoa que está ameaçada de chegar atrasada em algum lugar -, que agiliza a chegada da pessoa a um determinado local. Então, é um transporte de emergência. Por outro lado, também é utilizado por uma outra faixa da população como transporte emergencial. Por exemplo, aquela pessoa que tem seu automóvel, o qual está na oficina, e ela se utiliza do táxi por falta de seu automóvel. E apenas um pequeno número que é o usuário permanente de táxi. Quer dizer, aquele que opta pela utilização permanente do táxi. Que também existe. Que é aquela pessoa que ao invés de comprar um segundo automóvel para a esposa, ele prefere que a esposa ande sempre de táxi.

Agora, se este transporte é elitizado, eu não concordo, porque, se nós observarmos, basta que se vá a uma vila popular qualquer de Porto Alegre, a quantidade de pessoas que chegam de táxi na periferia da Cidade. Há um número imenso de pessoas da periferia que, por urgência ou por emergência, utilizam-se do serviço de táxi.

Então, o que me parece que é fundamental é que o preço da corrida de táxi não inviabiliza o usuário a utilizar o táxi.

E me parece que aí o próprio Sindicato tem melhores condições que nós, de fazer esta avaliação, embora se sinta que cada vez menos se usa o táxi na Cidade, é só nós verificarmos quantos anos a frota é a mesma em Porto Alegre. A população cresceu, aumentou, e a frota permanece a mesma. Isto significa o quê? Que está diminuindo o número de usuários, pelo menos proporcionalmente.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu acompanho o raciocínio de V. Exa., mas nós também temos que chegar à conclusão de que de nada adiantaria nós termos uma tarifa que estivesse ao alcance do usuário de baixa renda e ao mesmo tempo não desse condições para que o motorista de táxi pudesse manter o seu veículo e até pudesse também ganhar o suficiente para sua manutenção.

Então, nós temos que realmente partirmos para uma tarifa que seja condizente tanto com a manutenção do veículo como do motorista e que esteja também ao alcance da maioria dos usuários. Acontece que nós estamos atualmente passando por um processo de depauperização total de nossa população. Não podemos deixar que isto vá atingir diretamente o motorista de tal modo que ele não possa mais ter o seu veículo.

 

O SR. RAFAEL SANTOS: Ver. Luiz Braz, este é, exatamente, o meu raciocínio. O importante não é a planilha, mas é a avaliação por parte do próprio Sindicato dos Motoristas e ver quanto é possível aumentar a tarifa. Quer dizer: não é bom que tenhamos uma planilha que amanhã diga que a bandeira tem que ser 5 mil cruzados e depois não tenha ninguém para andar de táxi. O importante é que se encontre esta média, este número ponderado que permita que o taxista possa manter o seu táxi, possa ter um ganho mínimo para sua manutenção, e que este valor possa ser pago pela população. Então, me parece que não é propriamente o número, o meu medo de planilhas é que elas são extremamente frias e através de planilhas é que o Ministério da Fazenda aumenta o Imposto de Renda, aumenta o combustível todos os dias, todos os meses. Eu acho que o problema de planilha é que ela precisa ser examinada de uma maneira mais ampla do que simplesmente números.

 

O Sr. Cleom Guatimozim: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, o problema de planilhas, custos, está muito ligado ao uso ocupacional. Veja V. Exa. que o uso ocupacional dos táxis em Porto Alegre é que cria uma dificuldade, porque o levantamento feito em junho estava na base de 53 a 54%, quando o recomendável, o necessário, o melhor, seria um pouco menos de 65%, porque este número daria uma possibilidade que não seria bom para os profissionais, ou seja, o aumento do número de táxis e próximo aos 65% daria uma retribuição à altura com essa frota que se encontra no momento.

 

O SR. RAFAEL SANTOS: Vereador, é exatamente. V. Exa. vem ao encontro do meu raciocínio: aumentando demais o preço, vai cair o número de usuários. Caindo o número de usuários ganha menos um taxista e precisa aumentar o preço. Estamos num círculo vicioso: quanto menos se anda de táxi, mais é preciso aumentar o preço, se aumenta mais o preço, menos gente anda de táxi. Este é o meu raciocínio. É preciso que haja um entendimento entre o Executivo e o Sindicato, para que se encontre esse número, que não pode ser apenas baseado numa planilha, precisa ser discutido, para que se encontre um valor que a maioria da população possa pagar e que os proprietários de táxis recebam remuneração adequada.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O que V. Exa. coloca é o que discutimos há muito tempo com relação ao transporte coletivo: a tarifa real e a política. V. Exa. parece que está sugerindo uma tarifa política para os táxis.

 

O SR. RAFAEL SANTOS: É necessário que se encontre um número que possa atender à necessidade dos motoristas, mas que também venha ao encontro dos usuários. A colocação de que o táxi é um transporte elitista, não concordo. É um transporte emergencial, de urgência. A maioria dos que os utilizam, não o fazem por prazer, mas, sim, porque necessitam.

Vou votar favorável ao Projeto, mas quero lembrar de que é preciso que haja um permanente contato entre o Executivo e o Sindicato, para que encontre um valor que não inviabilize o sistema de transporte de táxi. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Para encaminhar, com a palavra, o Ver. Jorge Goularte.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Sou favorável, acho que perdemos uma tarde inteira discutindo, pois temos uma série de projetos e não votamos nenhum ainda. Mas é a nossa função. Acho o seguinte: disse que o Projeto era tranqüilo e não ouvi, ninguém, aqui, dizer que ia votar contra, e me disseram que eu estava errado quando falei isso.

Acho que a metodologia de cálculo deve existir para os táxis, se não é a melhor, como diz o Ver. Caio Lustosa, é a possível. E nós vamos pensar em março, quando as coisas, a meu ver, infelizmente, vão estar piores, no projeto do transporte solidário, no táxi, para fazer com que o usuário tenha possibilidade de tomar um táxi.

Agora, vim fazer este encaminhamento rápido para dizer que lamento que Vereadores como Ver. Clóvis Brum, Flávio Coulon, Caio Lustosa, Nilton Comin, elementos de proa do PMDB, não estejam no Governo. O PMDB pensa em estar no Governo e não está, está por fora. Como os do PDS, também. Quando nós éramos ditos do Governo, e nunca estivemos no Governo, o PMDB nos jogava na cara que nós tínhamos que defender o Governo. Sei que o PMDB hoje não faz isso, porque só se fala e se critica, quando o Partido que está no Governo é o PMDB. Aliás, este negócio de se falar que tudo que está ocorrendo é culpa do passado, ainda bem que já se passaram nove meses, e que as crianças que já nasceram ou que vão nascer para o futuro não são culpa do PDS, ou dos homens do PDS. Por isso eu não nego as minhas origens, e defendo as coisas com muita tranqüilidade e clareza, voto favoravelmente, esperando março para mais um empurrão no sentido que o taxista tenha possibilidade de andar rodando redondo, que é uma linguagem que nós, taxistas, entendemos, redondo, sem bater banco. (Palmas.) Isso é importante, e é o que vamos tentar para fazer um projeto junto com o Sindicato, porque eu tenho o meu projeto e vamos aperfeiçoá-lo, para que, em março, isto possa ocorrer. Por isso, o PL vota favoravelmente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Clóvis Brum, para encaminhar.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, encaminhamos favoravelmente, ressalvado o voto independente da Liderança, como qualquer integrante da Bancada, e dizemos que é uma necessidade a aprovação deste Projeto. É verdade, não estamos no Governo, e dizemos mais, é, tem razão o Ver. Jorge Goularte, foi o PMDB que contraiu a grande dívida externa neste País. Foi, foi o PMDB que ficou devendo milhões de dólares, foi ele que até agora não conseguiu tirar aqueles que permaneceram vinte e dois anos neste poder. Tem razão o Ver. Jorge Goularte, não temos que pagar esta dívida, temos é que botar os arenistas que ainda estão no poder para a rua, temos que botar na cadeia aqueles que roubaram neste País. O lugar daqueles que se locupletaram ao longo da revolução, do golpe militar de 64, é a cadeia. Tem razão o Ver. Jorge Goularte. Um dia haveremos de ser Governo e não será mais preciso que taxistas e transportadores escolares venham pedir, por clemência, que se votem direitos justos e seus. Agora, não poderíamos deixar que passasse desapercebida esta encenação, sempre dramática e teatral, do Ver. Jorge Goularte, dizendo que nós somos culpados de tudo. Vereador, eu critiquei a política econômica do Ministro Bresser Pereira, eu não conheço esse cidadão.

Nós votamos, Sr. Presidente, com ressalva do Líder da Bancada, favorável ao Projeto, esperando que a Casa dê a estes motoristas, contemple, na lei, o direito que estes motoristas e taxistas têm. Portanto, esperamos a aprovação para o Projeto do Ver. Adão Eliseu. Com Emendas. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encaminha, pelo PDT, o Ver. Pedro Ruas. V. Exa. tem cinco minutos.

 

O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, são arroubos “novarepublicanos” do Ver. Clóvis Brum. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Bancada do PDT encaminha favoravelmente à presente votação, registrando apenas que o Projeto do Ver. Adão Eliseu, com muita justiça e muita clareza, contempla reivindicações e anseios antigos de toda uma categoria profissional, e que, para nós, integrantes da sua Bancada, é motivo de orgulho votar e defender este Projeto da tribuna. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encaminha, pelo PDS, o Ver. Mano José. V. Exa. tem cinco minutos, sem apartes.

 

O SR. MANO JOSÉ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a Bancada do PDS é favorável ao Projeto do Ver. Adão Eliseu, por entender que a classe dos taxistas, tanto ou mais do que qualquer outra classe, merece realmente alguma coisa que lhes assegure a revisão de tarifas de quando em vez.

Só queria, também, dizer ao nobre Ver. Clóvis Brum, que o PDS é tão ruim e foi tão ruim que o PMDB tirou o Presidente do PDS e elegeu-o Presidente de Honra do PMDB e colocou-o na Presidência da República. Só isso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Werner Becker. V. Exa. tem cinco minutos, sem apartes.

 

O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, senhores funcionários da Casa e senhores aqui presentes, compareci, apenas, na tribuna, para que gravem a forma com que o Partido Socialista trabalha. Acompanhou todos os trabalhos, a montagem dos Projetos e, evidentemente que, por óbvio, vai votar a favor e não vai tirar mais o tempo dos senhores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. ADÃO ELISEU: Sr. Presidente, eu requeiro a V. Exa. votação nominal.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Adão Eliseu. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, contra o voto do Ver. Hermes Dutra.

A Mesa colocará primeiro o Projeto em votação e, logo após, a Emenda.

Em votação o Projeto. Solicito ao Sr. 2º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores, para a votação.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 29 Srs. Vereadores votaram SIM e 01 Sr. Vereador votou NÃO.

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADO o PLL nº 073/87.

 

(Votaram Sim os Vereadores: Adão Eliseu, Aranha Filho, Bernadete Vidal, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Paulo Sant’Ana, Paulo Satte, Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Werner Becker, Nilton Comin, Ana Godoy, Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla, Pedro Ruas, Auro Campani e Kenny Braga. Votou Não o Vereador Flávio Coulon.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 2º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores, para a votação da Emenda de Líder aposta ao PLL nº 073/87.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 30 Srs. Vereadores votaram SIM e 01 Sr. Vereador votou NÃO.

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADA a Emenda nº 01.

 

(Votaram Sim os Vereadores: Adão Eliseu, Aranha Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Paulo Sant’Ana, Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Werner Becker, Nilton Comin, Ana Godoy, Isaac Ainhorn, Pedro Ruas, Auro Campani, Kenny Braga, Paulo Satte e Getúlio Brizolla. Votou Não o Vereador Flávio Coulon.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 2º Secretário que proceda à leitura da Declaração de Votação do Ver. Flávio Coulon.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: (Lê.)

“Declaração de Voto

Votei contra o Projeto para ser coerente com meu Parecer prolatado na Comissão de Justiça e Redação e por entender que o Projeto tem reflexos danosos para a população da Cidade porque, entre outras coisas, aumenta a tarifa em percentuais não especificados e não ainda avaliados.

Sala das Sessões, 14 de dezembro de 1987.

                                 (a) Ver. Flávio Coulon”.

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos ao projeto seguinte. O Sr. 2º Secretário fará a apregoação.

 

O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o seguinte projeto, pelo Requerimento votado, seria o Projeto que se refere à nova legislação para o transporte escolar; entretanto, está sendo datilografada uma emenda, de autoria do Ver. Artur Zanella, que será subscrita pelo Líder da sua Bancada, Ver. Raul Casa, e, em face disso, solicitaria que passássemos para outro projeto e depois retornaríamos a ele.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa submete ao Plenário o requerido pelo Sr. Ver. Clóvis Brum.

 

O SR. RAFAEL SANTOS (Questão de Ordem): Eu pergunto se a Emenda não pode entrar no decorrer da discussão do Projeto. Há algum inconveniente nisso?

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa pede silêncio ao Plenário. Sr. Ver. Rafael Santos, a Presidência não tem condições de lhe responder, porque não conhece o teor da Emenda; a Mesa entende que, para decidir, deve ser lida a Emenda, e pede à Diretoria Legislativa que forneça a Emenda para ser lida.

 

O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Comuniquei à Mesa que assessores do Ver. Artur Zanella estão elaborando a Emenda. Pediria que passássemos para o próximo projeto e depois retornássemos.

 

O SR. ARANHA FILHO (Questão de Ordem): A título de sugestão, hoje pela manhã tínhamos dois projetos que concediam o título de Cidadão Porto-Alegrense a duas personalidades. Pediria a V. Exa. para que colocasse esses dois Projetos em discussão e votação.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa poderá receber todos os requerimentos, mas não pode revogar uma decisão tomada pelo Plenário. A decisão foi a de se votar, primeiro, o Processo nº 1820 e, depois, o Processo nº 692.

 

O SR. PAULO SANT’ANA: O Plenário decidiu que seria votado primeiro o projeto dos táxis, segundo, o transporte escolar. Não pode ser revogada a decisão.

 

O SR. PRESIDENTE: É o que está dizendo a Mesa.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Existia a posição há pouco referida pelo Ver. Paulo Sant’Ana, no sentido desta ordem estabelecida: projeto dos táxis e transporte escolar. No entanto, depois desta decisão soberana do Plenário desta Casa, o Ver. Clóvis Brum fez um Requerimento oral no sentido de que não se votasse, neste momento, o Projeto do transporte escolar e que se deixasse para depois, tendo em vista que as emendas estavam sendo objeto de parecer, razão pela qual ele requeria a inversão da ordem dos trabalhos desta Casa, para quando estivesse pronto o relatório.

Este Plenário soberanamente decidiu que se apreciem outros projetos, evidentemente que é possível, mas me alerta agora o Ver. Clóvis Brum de que as emendas já estão prontas e já dá para se discutir.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 0692/86 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 017/87, do Ver. Elói Guimarães, que altera a Lei nº 4.617, de 29 de outubro de 1979, alterada pela Lei nº 5.743, de 08 de janeiro de 1986, dando competência para o Município estabelecer e fixar normas para tarifa do transporte escolar no Município de Porto Alegre. COM EMENDAS 01, 02 E 03 E SUBSTITUTIVOS 01 E 02.

 

Pareceres ao Projeto:

- da CJR. Relator, Ver. Mendes Ribeiro: pela tramitação, eliminada a parte final do art. 6º;

- da CFO. Relator, Ver. Auro Campani: pela aprovação; e

- da CUTHAB. Relator, Ver. Paulo Sant’Ana: pela aprovação.

 

Pareceres às Emendas nos 01 e 02:

- da CJR. Relator, Ver. Kenny Braga: pela rejeição da Emenda nº 01 e aprovação da Emenda nº 02;

- da CEC. Relator, Ver. Flávio Coulon: pela aprovação do Projeto e rejeição das Emendas;

- da CEDECON. Relator, Ver. Paulo Satte: pela aprovação do Projeto e rejeição das Emendas; e

- da CFO. Relator, Ver. Auro Campani: pela aprovação do Projeto e rejeição das Emendas.

 

Pareceres à Emenda nº 03:

- da CJR. Relator, Ver. Ignácio Neis: pela aprovação, com ressalva do texto preambular que deve sujeitar-se à Redação Final.

 

(Obs.: Incluído na Ordem do Dia por força do artigo 44 da Lei Orgânica Municipal.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa comunica ao Plenário que defere os seguintes Requerimentos: de autoria do Ver. Clóvis Brum, solicitando a retirada do Substitutivo nº 01 aposto ao PLL nº 017/86 - Processo nº 0692/86; de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, solicitando a retirada do Substitutivo nº 02 aposto ao PLL nº 017/86 - Processo nº 0692/86.

A Mesa prorroga a presente Sessão por duas horas.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Para um Requerimento. Consulto, caso não se esgote a Ordem do Dia nestas duas horas, a Mesa pretende fazer Sessão Extraordinária?

 

O SR. PRESIDENTE: Correto, Vereador.

 

O SR. KENNY BRAGA (Questão de Ordem): Nós consumimos praticamente quatro horas para votar o Projeto. Estou preocupado com a morosidade do trabalho nesta Casa e, neste ritmo, pela tendência demonstrada na discussão e votação do primeiro projeto, nós entraremos madrugada adentro aqui, esgotados fisicamente e sem possibilidade nenhuma de atentarmos para os conteúdos dos projetos a serem discutidos. Acho que isto não é possível. Para colaborar com a Mesa, faço a sugestão, que vençamos a Ordem do Dia amanhã de manhã, numa Sessão matutina, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, após esgotarmos os tempos regulares, iremos examinar a matéria.

Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn, para discutir o PLL nº 017/86.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, distinta audiência que aqui comparece hoje para assistir aos trabalhos parlamentares desta Casa, talvez alguns se surpreendam, mas, infelizmente, é assim que funcionam os Parlamentos brasileiros, é assim que funcionam os Parlamentos do mundo. Bem ou mal, é melhor com Parlamento. A democracia é isso, é debate, é discussão de idéias, é, muitas vezes, morosidade daquilo que rapidamente nós poderíamos discutir e deliberar. Mas é da natureza da democracia, é da natureza dos regimes democráticos, dos regimes que vivem sob a égide da liberdade, onde se verifica o mais amplo debate de idéias. E, assim, o povo, através das suas representações parlamentares, expressa, através das tribunas, a sua satisfação ou insatisfação em relação a certos comportamentos. É da natureza do regime democrático e, notadamente num País como o nosso, onde - oxalá um dia possamos melhorar esse procedimento - as coisas sempre ficam para o final, e hoje nós nos encontramos às vésperas do Ano Legislativo. Oxalá a Constituinte mude alguns comportamentos, estabelecendo prazos de recesso diferentes, para que os Legislativos funcionem 11 meses ao ano e tenham férias assim como as demais pessoas, quer funcionários públicos, quer trabalhadores, 30 dias ao ano. Oxalá a Constituinte resolva esse assunto. Mas, quero entrar diretamente no mérito da matéria, no transporte escolar; quero discutir o transporte e as dificuldades que se enfrenta em relação a esse mesmo transporte escolar. Aliás, diga-se de passagem, aqui, nesse estudo de transporte escolar, há um Projeto de Lei, depois, dois Substitutivos e, posteriormente, um terceiro Substitutivo. Isso tudo processou-se, exatamente, em um ano de debates e discussões aqui nesta Casa, ouvindo-se todos os segmentos interessados na matéria. E não há que se dizer que se busca qualquer parcialidade. Aliás, diga-se de passagem, nesta experiência que tive de um ano de trabalho em cima do transporte escolar, uma coisa ficou clara, Sr. Presidente, e isto pode ser até o óbvio, mas o transporte escolar é um transporte que tem natureza peculiar. Muito bem diz aquele cartaz lá e eu também expresso, não só os transportadores escolares, por serem pessoas da nossa Cidade, mas, também, os usuários do transporte escolar de Porto Alegre. Posso dizer com a mais absoluta convicção, aquilo que está lá, naquela faixa, é verdade, 95% são de firmas individuais, onde o próprio proprietário é o motorista e, graças a Deus que isto ocorre, porque isso é uma tranqüilidade do ponto de vista da condução das nossas crianças. Uma tranqüilidade dos usuários do transporte escolar, e falo isso com absoluta serenidade e querendo expressar todos os segmentos interessados no transporte escolar, porque triste será o dia em que desaparecer, por qualquer contingência econômica, o transporte escolar de nossa Cidade. E essa é uma realidade que eu alerto a todos aqui: o risco da perda desse transporte é muito grande, na medida em que uma política econômica que se implantou nesse País faz com que, a exemplo com que ocorre hoje no comércio de Porto Alegre às vésperas do Natal, onde as lojas estão vazias, também em relação ao transportes escolar corre-se o risco de, de repente, de os transportadores escolares perderem a sua clientela, por não ter condições e nem poder aquisitivo para manter o transporte escolar. E transporte escolar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não é luxo. Transporte escolar não é usado por ricos. Transporte escolar é usado pelos assalariados de nossa Cidade, pela classe média, por profissionais liberais, e isso não se constitui, realmente, em pessoas que podemos dizer abonadas. Tanto isto é verdade que há, gradualmente, e isto se observou nos estudos que levamos a cabo este ano, uma perda de clientela, por parte dos senhores transportadores escolares; há, inegavelmente, uma perda de clientela, em razão do poder aquisitivo, da perda deste poder, por aqueles que usam este transporte escolar. Procurou-se exatamente, através deste Projeto, através de algumas reformulações com relação à Lei de transporte escolar, consubstanciada numa emenda conjunta, que está sofrendo os aperfeiçoamentos. E este Projeto, saibam, assistência, platéia, saibam opinião pública da nossa Cidade, saibam os usuários do transporte escolar da nossa Cidade, este Projeto não é obra de nenhum Vereador em especial. Este Projeto é um trabalho conjunto das Comissões da Câmara de Vereadores, das Comissões especializadas da Câmara de Vereadores, e diria até mais, é um Projeto fruto de um trabalho dos Vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre, onde eu, na condição de Presidente da Comissão de Transportes, e o Ver. Clóvis Brum, na condição de Presidente da Comissão de Educação e Cultura, tivemos um papel de condutores em relação a este Projeto. Tanto isto é verdade que os projetos muitas vezes chegam ao Plenário depois de passarem pelas Comissões sem se encontrarem de forma plena e acabada, e o que acontece? Sofrem aperfeiçoamentos. Lembro-me na sexta-feira, quando já este Substitutivo, o de nº 03, depois que eu desisti do Substitutivo 02, e o Ver. Brum desistia do Substitutivo 01, apresentávamos, eu e ele, o Substitutivo 03, e procurava-me o Ver. Mano José tentando aperfeiçoar o Projeto, observando que havia alguns problemas mal colocados no Projeto, e era verdade, e eu disse ao Ver. Mano José, que aqui se encontra presente neste momento, use da emenda e aperfeiçoe o Projeto, nos ajude, Vereador, a melhorar a qualidade deste transporte. Não vamos burocratizar, não vamos criar empecilho para este transporte. Vamos melhorar a sua qualidade, este é o objetivo. Vamos melhorar a segurança das nossas crianças, porque eu sei a preocupação dos pais usuários e do próprio transportador escolar, razão pela qual vejo também uma outra verdade, a de número 03, conforme diz naquela faixa que lá se encontra: “Índice zero em acidente, igual a segurança”. Realmente, graças a Deus, eu digo até por estar legislando, advogando, até de certa maneira em causa própria, na medida em que tenho três filhos que são transportados por transporte escolar. Digo isso com absoluta segurança, porque quando tratamos de legislar e aperfeiçoar a legislação sobre o transporte escolar, não é criar entraves burocráticos, não é criar problemas que dificultem o trabalho e a vida de pessoas que se encontram na condição de firma individual e de microempresa, mas o objetivo é ajudar, é melhorar o transporte escolar na nossa Cidade. Aliás, há pouco, num aparte, dizíamos que era uma injustiça não ter o transportador escolar algumas isenções que já foram concedidas a táxis, por uma razão: se podemos ainda imaginar que o táxi pode ter uma natureza elitista, o transporte escolar não tem. O transporte escolar hoje é um transporte absolutamente necessário, imprescindível para um determinado número de pais de família, notadamente que tanto pai e mãe têm que sair para rua para poder manter a família.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu estou preocupado, porque eu discuti com a Bancada de V. Exa. e, como tenho algumas emendas, eu queria dizer que não encontrei Vereador de sua Bancada. Então, eu vou falar diretamente com V. Exa., para tentar acertar esses erros de rapidez na elaboração do texto, mas o que me preocupa é exatamente isso: não ter encontrado absolutamente ninguém de sua Bancada. Talvez tenham ido a alguma reunião e V. Exa. não saiba.

Da minha Bancada, Vereador, em Plenário, tem mais o Ver. Aranha Filho, o Ver. Frederico Barbosa, o Ver. Raul Casa.

 

O SR. ISAAC AINHORN: A nossa é uma Bancada numerosa e está trabalhando. Mas saiba V. Exa., eu tive oportunidade, há pouco, de nos manuscritos observar a colaboração de V. Exa., que acho extremamente boa, com relação ao problema do transporte escolar de Porto Alegre.

Eu encerro minhas considerações iniciais e agradeço a atenção dos meus colegas Vereadores e, insisto mais uma vez, da importância do Substitutivo nº 03, subscrito por este Vereador e pelo Ver. Clóvis Brum e que já mereceu alguns aperfeiçoamentos do Ver. Mano José e sei que também do Ver. Artur Zanella, algumas considerações sobre o mesmo já estão concretizados na forma legal do ponto de vista de Projeto de Lei, que são as emendas. Muito obrigado. (Palma.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Sr. Presidente, requeiro, nos termos regimentais, verificação de “quorum”, com a respectiva chamada nominal dos Srs. Vereadores.

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. Secretário que proceda à verificação de “quorum”.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: (Procede à verificação de “quorum”.) Há “quorum”, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo “quorum”, com a palavra, o Ver. Clóvis Brum.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, serei breve. É só para adiantar o assunto da Emenda nº 04, que já se encontra sobre a mesa.

A Emenda é de autoria do Ver. Artur Zanella e subscrita pelo Líder do PFL, Ver. Raul Casa, para que melhor se possa conduzir a discussão. Diria que há muitas emendas: a de nº 1, de autoria do Ver. Mano José e subscrita pelo Ver. Hermes Dutra, deve ser aprovada, porque vem corrigir imperfeições do texto do Substitutivo nº 03, uma vez que os Substitutivos nos  01 e 02 foram retirados. Ficou a votação o Projeto original, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que destrói, por completo, o transporte escolar em Porto Alegre. Esse Projeto foi feito enquanto o Ver. Elói Guimarães não era Secretário. É um projeto que liquida completamente com as preocupações de segurança. Quando se fala em segurança, não é só o policiamento ou a estrutura do veículo. Segurança, quando se fala, é saber-se, por exemplo, que o seu Fausto, aquele cidadão idoso que está ali, o velho Fausto, que trabalha há 25 anos no Colégio Santa Inês, com o mesmo itinerário, na mesma escola, com o mesmo cuidado. Isto é segurança. Segurança não é um pára-choque a mais ou a menos no veículo, mas segurança é saber que o Concelli, que se encontra ali, que envelheceu fazendo o transporte no Colégio Anchieta, faz o mesmo itinerário há mais de vinte e cinco anos. Isto é segurança. Segurança é saber que as nossas filhas, os nossos filhos no transporte escolar têm um itinerário relativamente conhecido por nós. Também, o Geraldo, me fala o Ver. Aranha Filho, que deve transportar os filhos dele. Segurança é um conjunto de créditos, de respeitabilidade que estes homens adquiriram ao longo da prestação desse serviço. Não se pode permitir que quem não conheça o problema do transporte escolar, que não seja familiarizado com a luta desses homens e com a necessidade deste transporte, violente o ordenamento e as relações existentes entre o pai da criança, a criança, o transportador e a direção da escola.

Quantos e quantos transportadores vão a um apartamento e lá encontram, ou numa residência, apenas uma criança com a chave daquela casa ou apartamento, e o transportador recolhe esta criança, fecha a porta, a leva à escola, a traz de volta e a coloca dentro de Casa, porque os pais, os dois, precisam trabalhar para aumentar a renda familiar.

Isto é prova que o transporte coletivo não foi feito para os ricos, rico tem carro próprio, tem motorista, manda levar o seu filho no seu carro. O transporte escolar é uma tarefa social desenvolvida ao longo dos anos por esses homens, e mulheres também.

O Substitutivo nº 03, que foi a junção do Substitutivo nº 01 e do Substitutivo nº 02, o primeiro, de minha autoria, o segundo, do Ver. Isaac Ainhorn, tentou reunir o que havia de melhor, tanto para contemplar, a partir de agora, o direito dos usuários, assegurando aos pais dos alunos a sua presença na inclusão de mais um veículo escolar ou na expulsão desse veículo, fazendo com que o pai do aluno participe, através de seus órgãos de classe, na elaboração da tarifa e, mais do que isto, passando ao órgão permissionário o poder de elaborar a planilha de custos. A novidade, neste Projeto, é de que anteriormente a tabela de custos era elaborada pela UTEPA, praticamente os pais eram coagidos a aceitar a tabela de preços; hoje, a SMT vai discutir item por item e, aliás, para o primeiro aumento, a SMT calculará os custos e definirá esta tabela de preço. A Emenda nº 04, do Ver. Artur Zanella, estabelece que a Câmara deverá aprovar oportunamente uma metodologia para o cálculo do transporte escolar. Corretíssima a intervenção do Ver. Zanella. Não só neste aspecto do Substitutivo, mas ele apresentou várias emendas melhorando e aperfeiçoando o Substitutivo nº 03. Por isso, nós somos pela aprovação da Emenda nº 01, do Ver. Mano José. Somos contra o Projeto do Ver. Elói Guimarães e votamos Sim ao Substitutivo nº 03. Votamos favorável à Emenda nº 04, do Ver. Artur Zanella. Votamos contra as Emendas nos 02 e 03, do Ver. Flávio Coulon, porque, a meu ver, ela é tão mal elaboradas e, num total desconhecimento da causa escolar, é pior que o Projeto do Ver. Elói Guimarães. Ela destrói por completo o trabalho do transportador escolar.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu não desejo discutir longamente, eu só quero testemunhar dois fatos: em primeiro lugar, estes homens transportam quem? Crianças, os nossos filhos, crianças da nossa comunidade. São homens sérios, trabalham com uma carga preciosíssima. Se não, vejamos, Srs. Vereadores, numa escola para excepcionais, no Bairro Ipiranga, foi cometido um estupro numa menina doente mental por um transportador escolar. Assim foi a denúncia feita na 14ª Delegacia de Polícia. Imediatamente, fui à Delegacia com o Presidente da Associação. Não era um transportador escolar destes que estão aí, pedindo uma lei legal que lhes ampare, que lhes dê direitos e obrigações. Era um transportador clandestino, um transportador irregular que, de tarde, carregava batata na sua camionete e, de manhã, transportava excepcionais. Era um carro clandestino, sem qualquer legitimidade para executar este transporte. Imediatamente este cidadão foi afastado e passou a responder processo.

A queixa que eu recebi do meu amigo Mathias, atual Procurador-Geral do Município, efetivamente é dolorosa. Um outro veículo clandestino também atentava à segurança das crianças, das meninas, lá no Colégio Cruzeiro do Sul, pois este carro também era clandestino.

Estes que estão aí, que querem a lei, que querem carros padronizados, que querem carros com alvarás fornecidos pela Prefeitura, que querem se organizar na proteção e na tutela da Lei, com direitos e obrigações, esses querem uma lei justa.

 

O SR. PRESIDENTE (Frederico Barbosa): O Ver. Aranha Filho se inscreve e cede seu tempo a V. Exa., com a aquiescência dos Vers. Rafael Santos e Artur Zanella.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Quero agradecer ao Ver. Aranha Filho e aos Vers. Artur Zanella e Rafael Santos, pelo carinho das suas atenções. Esse tempo que me concede o Ver. Aranha Filho, não é o tempo de um Vereador comum nesta Casa, é de um técnico em segurança. Se fosse de um Vereador que não entendesse de segurança, eu simplesmente agradeceria, mas vem de um engenheiro especializado em segurança, é um voto respeitável, pelo seu conhecimento técnico na matéria. Muitos votos hoje serão votos políticos, votos de justiça, votos de reconhecimento ao trabalho que os senhores desenvolvem e que a Cidade necessita, Este é o voto frio do técnico Aranha Filho que, tenho certeza, será favorável ao Projeto. Não auscultei a sua posição, mas acredito que o voto de S. Exa. deverá ser favorável e, se não o for, apelo que o seja.

 

O Sr. Aranha Filho: Sou contra o Projeto e a favor do Substitutivo.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Eu não esperava outra resposta de V. Exa., Ver. Aranha Filho, pois é um Engenheiro de Segurança. É contra o Projeto e a favor do Substantivo.

 

O Sr. Getúlio Brizolla: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Essa é uma área na qual já trabalhei e, com o conhecimento desse trabalho, queria felicitá-lo pela iniciativa do Substitutivo nº 03. Sou contra o Projeto, e o meu voto está a favor do Substitutivo nº 03. Espero que toda a Bancada do PDT e todos os nossos colegas, os trinta e três Vereadores, votem favorável, porque além de estarmos beneficiando a criança, nós estamos trabalhando também pelo bem do povo brasileiro. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Nobre Vereador, não vou, simplesmente, agradecer o seu aparte, eu vou fazer justiça a um parecer de V. Exa. Alguns Vereadores da Casa são testemunhas. Quando eu argumentava e defendia o Substitutivo nº 03, nos corredores, entre as Bancadas deste Plenário, antes de fazer a defesa do meu Substitutivo, eu procurei o Vereador que trabalhou, que viveu o problema. E eu comentava com os outros Vereadores: imaginem com quem eu fui me assessorar. Com o Vereador Brizolla, porque este viveu, trabalhou, sentiu na carne e sabe das necessidades e dos problemas do transporte escolar. Ver. Brizolla, muito obrigado pelo aparte de V. Exa. Não agradeço o seu voto, porque o voto não se agradece, não é uma expressão da condescendência, da gratidão ou de agradecimento, mas é o respeito pela competência de deferi-lo, fazendo justiça a homens e mulheres, a crianças e escolas desta Cidade, que têm, no transporte escolar de Porto Alegre, o melhor transporte escolar do Brasil.

 

A Sra. Teresinha Irigaray: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Clóvis Brum, eu acompanho o seu trabalho nesta Casa e sei do seu comprometimento em favor do transporte escolar. Sei de todo o trabalho, dinamismo e competência que V. Exa. tem desenvolvido neste sentido. Meu voto é aberto, puro e cristalino: eu voto em V. Exa., porque acho que é o melhor Substitutivo. E falo aqui, não como Vereadora, mas falo como mãe que entregou três filhos para o transporte escolar, sempre com a consciência tranqüila, porque sabia que eles eram bem transportados para os seus respectivos colégios. Então, com V. Exa. e nas mãos de V. Exa., o posicionamento do transporte escolar da Casa. Eu voto com V. Exa., de olhos fechados, neste Projeto. (Palmas.)

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Eu finalizo a minha intervenção, sem usar todo o tempo a que tenho direito. Espero que a Liderança do PDT convoque os integrantes que ainda se encontram fora do Plenário, para que possamos votar essa matéria, porque vamos oferecer a Porto Alegre, vamos oferecer aos alunos, aos transportados, uma legislação muito justa e que vai possibilitar um melhor relacionamento entre transportados, transportadores e direção da escola. Portanto, votamos e pedimos para que o Plenário vote no Substitutivo nº 03 e nas Emendas 01 e 04, rejeitando as Emendas 02 e 03. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo orador é o Ver. Rafael Santos. V. Exa. tem dez minutos.

 

O SR. RAFAEL SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, para que possamos examinar este Projeto de Lei, e suas Emendas e Substitutivo, acho que deveríamos, em primeiro lugar, e antes de tudo, buscarmos a origem do transporte escolar, e vamos verificar que a origem desse transporte escolar estava e está, ainda hoje, na necessidade que tem a classe média de levar, de transportar os filhos de suas residências ao colégio e vice-versa. Porque a classe rica transporta no seu próprio carro. É exatamente na classe média que não tem condições de levar o filho, porque, muitas vezes, entra antes no serviço, ou porque tem apenas um carro, e seus filhos estão em colégios diversos, é que surgiu o transporte escolar; ele surgiu da iniciativa de pessoas que passaram a transportar, de comum acordo com os colégios e de comum acordo com os pais de alunos. É a demonstração viva, Sr. Presidente, como o melhor sistema que existe é o sistema da livre iniciativa. O transporte escolar nasceu de uma necessidade, os colégios, os pais de alunos, os transportadores começaram a montar um sistema de transporte escolar, independente do Poder Público. E eu me recordo, na época em que lecionava no Colégio Anchieta, que havia lá a Associação dos Transportadores Escolares do Colégio Anchieta. Estabeleciam seus próprios critérios e regras, sem nenhuma interferência do Poder Público, e sempre funcionou bem. Aí estão as faixas a dizer “índice zero em acidentes”. De maneira que só votarei esse Projeto ou Substitutivo de acordo com a União dos Transportadores Escolares de Porto Alegre. Acho que o ideal era que o Poder Público não se metesse, porque, de um modo geral, o Poder Público cria problema, não resolve. Começa a criar leis, decretos, e atrapalha. Sempre funcionou bem, está funcionando há muitos anos num sistema em que os transportadores e pais dos alunos se acertam. Há desentendimentos? Claro que há. Há conflitos? Claro, mas estes têm sido resolvidos pelo próprio transportador, pelo próprio colégio e pelos próprios pais, e tem funcionado bem. Tinha medo e este sempre foi meu medo, de que as coisas que funcionam bem nós começamos a regulamentar para estragar. Este sempre foi meu medo. Começa o Poder Público a meter a mão e acaba criando um monstro. Da maneira que foi, vou votar favoravelmente ao Substitutivo, se assim entender a UTEPA; contrariamente, se assim entender a UTEPA; e antes de votar consultarei o que devo votar. Se a UTEPA entender que devo votar contra tudo, votarei contra tudo para deixar como está, pois acho que o que está funcionando bem, que é o transporte escolar, quanto menos metermos nossa colher, melhor. Há tanta coisa funcionando mal neste País e nesta Cidade, e nós ficamos nos preocupando com o que está funcionando bem. Se está funcionando bem, vamos deixar funcionar e vamos cuidar do que funciona mal. Não vamos meter nossa colher no que funciona bem melhor, tem tanta coisa funcionando mal neste País e nesta Cidade e estamos nos preocupando com o que está funcionando bem, se está funcionando bem deixa funcionar, não vamos meter a nossa colher numa coisa que está funcionando bem, então, eu ouvirei os dirigentes da UTEPA, se entenderem que o voto deve ser favorável a esta ou aquela emenda, a este ou aquele substitutivo, terá o meu voto. Se entenderem que terei que votar contra tudo, voto contra tudo porque eu acho que vai bem o transporte escolar, melhor do que o transporte coletivo, que nós cuidamos. Então, vamos votar de acordo com o que determinar a UTEPA.

 

O Sr. Clóvis Brum: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, este Substitutivo nº 03, praticamente mantém a atual legislação, a única novidade que tem aí é que passa para a SMT a tarifa, o poder de tarifar.

 

O SR. RAFAEL SANTOS: Por quê, Vereador?

 

O Sr. Clóvis Brum: Porque havia na Câmara o Projeto do Ver. Elói Guimarães, contemplando esta pretensão, só que ele contemplava esta pretensão e nos artigos seguintes destruía todo o transporte escolar. Então, o Substitutivo nº 03 contempla praticamente toda a legislação atual e a ressalva esta de tarifar.

 

O SR. RAFAEL SANTOS: Eu pergunto a V. Exa., e a UTEPA deseja que passe para a SMT?

 

O Sr. Clóvis Brum: É ouvida a direção da UTEPA, foi-nos transmitido que sim.

 

O SR. RAFAEL SANTOS: Então, meus caros dirigentes da UTEPA, eu vou votar então favorável. Queira Deus que vocês estejam certos. Olha que vocês vão entrar dentro da SMT e aí vocês vão sentir o pepino. Tomara que eu me engane, mas daqui a seis meses o nosso Presidente, que está com a barba um pouco branca, estará com todo o cabelo branco, dentro da SMT, tentando acertar, e vai se dar conta que era muito mais fácil estar com colégios e com os pais de alunos do que com a SMT. Em todo o caso, vamos dar à SMT o direito de fixar o valor do transporte escolar, mas não sei se é o melhor caminho. Eu preferiria que ficasse nas mãos da UTEPA e nas mãos dos colégios, como foi até aqui, como acertou-se até aqui. Acho que é muito mais fácil, ao invés de termos apresentado Substitutivo, Emendas, de não sei o que, que nós simplesmente rejeitássemos o Projeto do Ver. Elói Guimarães; acho que talvez fosse o melhor caminho. Se entendem, se os nossos transportadores entendem que é melhor colocar a SMT na jogada, vamos colocá-la.

 

O Sr. Clóvis Brum: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, no Substitutivo nº 03 se contempla também direitos para os usuários, para os pais dos alunos, que participem no ingresso de novos carros, tomem conhecimento das punições que a SMT faz, fará ou faça aos transportadores, uma série de direitos aos usuários.

 

O SR. RAFAEL SANTOS: Estou com o Substitutivo ali. O meu medo, Vereador, que isso de uma forma ou de outra sempre funcionou. Eu me recordo do meu tempo do Colégio Anchieta. Se reuniam lá os transportadores com o nosso querido Irmão Renner, todo mundo discutia, batia boca, tal e tal, fechando o negócio. Agora - vocês vão ver na SMT-, falta o carimbo do chefe, não sei do quê, volta amanhã para receber o carimbo não sei do quê, e a reunião não foi convocada por edital, e não sei mais o quê. Vocês vão ver o que é burocracia. Em todo o caso, vou votar favorável, mas preferia mil vezes o estilo do velho Irmão Renner. Reúne a turma, discute, resolve na hora, fecha e está encerrado o assunto. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo inscrito é o Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, vale para este Projeto tudo aquilo que foi dito para o Projeto anterior. Vamos votá-lo com problemas, tentando resolver alguns. E vejam os senhores que quando se faz a fusão de dois Substitutivos, às vezes escapam alguns termos de redação e aí então, em conjunto, agora, Ver. Clóvis Brum, Ver. Isaac Ainhorn, principalmente, e com a assinatura do Ver. Raul Casa, em termos regimentais, como Liderança, assim como a Emenda do Ver. Mano José, apesar de apregoada como dele, ele assina conjuntamente com o Ver. Hermes Dutra, nos termos regimentais também. Então, no Substitutivo nº 03, no art. 2º, por um erro de redação, se dizia o seguinte: que o número de veículos admitidos a operar no transporte escolar será determinado pela SMT, e dá a entender que são todos os veículos que receberão a informação da direção e entidade representativa dos pais e alunos de cada escola. É uma incorreção, então, fizemos a seguinte Emenda: “art. 2º - O número de veículos admitidos a operar no transporte escolar de cada escola será determinado pela SMT, em estudo conjunto com a UEPA, direção da escola, etc.” Mas, mais importante, é no art. 1º, em que se coloca a seguinte Emenda: “A tarifa será fixada pelo Município, através da Secretaria Municipal dos Transportes, de acordo com planilha de cálculos de custos fixos e variáveis, por ela elaborada e aprovada pela Câmara Municipal, ouvidas as entidades representativas e permissionárias e usuários”; Parágrafo 3º: “O primeiro aumento não necessitará de aprovação da planilha pela Câmara Municipal”. Assim, a planilha dos ônibus, que foi aprovada pela Câmara, a planilha dos táxis, que foi aprovada pela Câmara, e também a do transporte escolar, vem à Câmara, fora a do primeiro aumento, para que os senhores tenham, imediatamente, o cálculo da sua nova tarifa.

 

O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Zanella, eu perguntaria por que não se inclui, então, aqui nesse art. 1º, parágrafo 4º, que contemplasse o que V. Exa. colocou aqui como parágrafo 2º, do art. 2º. Porque já que estamos tratando de tarifa nesse art. 1º, esse parágrafo 2º do art. 2º, que V. Exa. coloca, ficaria melhor no art. 1º. Estamos tratando de tarifa no art. 1º, certo? (Lê o art. 2º.) Talvez ficasse melhor no art. 1º.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: V. Exa. tem toda razão, ficaria melhor nesse artigo e temos que tentar a forma de passar para cima. O número de veículos, então, deverá ser determinado pela SMT, em estudo conjunto com a UTEPA e diretores de escola. Em caso de recusa da SMT ao ingresso de veículos escolares, poderá haver recurso ao Conselho Municipal de Transportes Urbanos, ao Prefeito Municipal e à Câmara Municipal. Para evitar qualquer perseguição ou coisa que o valha.

Então, se eleva o nível das reconsiderações, e a tarifa nós colocamos que ela poderá ser reajustada quando, aplicados à planilha, os custos fixos e variáveis excederem no conjunto o percentual de 15%. Falava em 25, igual aos ônibus, os táxis estão em 15. Então, como este transporte também é seletivo, se sugere baixar para 15%.

Art. 3º, a Emenda só coloca acertando com o seguinte, que os endereços podem ser o domicílio, sede ou escritório do Município de Porto Alegre. O art. 7º, o texto falava em declaração fornecida pela União dos Transportadores Escolares de Porto Alegre. Nós colocamos o seguinte: declaração fornecida pela UTEPA, da direção da escola e das entidades que representam os usuários, de que há necessidade de veículos escolares no ponto fixo solicitado e que o mesmo atende à legislação. É uma fiscalização que é feita em conjunto, para que a declaração não fique vaga. É a declaração de que há necessidade. O art. 10º falava que o número de passageiros a ser transportado nos veículos tipo camioneta, será de 12 alunos, com até 12 anos de idade. Ocorre que têm muitos alunos que têm mais de 12 anos de idade. Então, ele não está sendo considerado. Então, a Emenda coloca o número de passageiros a serem transportados nos veículos tipo camioneta, será de até 12 alunos ou até 10 professores, que são os adultos que tem um volume maior de ocupação.

Evidentemente que no seu regulamento aparecerá a divisão adequada quando houver quatro ou cinco adultos, porque no Projeto original não falava nos adultos e sim nas crianças até 12 anos, o que poderia parecer a um fiscal menos avisado que uma pessoa com 14/15 anos - como é o caso do meu filho - termina não podendo andar. E no art. 13º, quando fala que eventualmente, em casos excepcionais, sob aceitação do usuário, poderá o permissionário confiar o seu veículo a outro motorista profissional, e a Emenda inclui o seguinte: “cadastramento segundo o art. 12º, se a substituição ultrapassar 24 horas”. O que nós não queremos é que um caso excepcional de doença se transforme numa semana ou duas e o motorista não tenha o cadastro da SMT e que não tenha passado pelo UTEPA. É uma garantia a mais que se procura colocar, porque muito motorista profissional que eu conheço não tem condições de atuar no transporte escolar, que é um transporte extremamente...

Finalmente, dentro daquele espírito que eu já havia colocado, provavelmente nas Emendas do Ver. Flávio Coulon, a Emenda nº 02 e Emenda nº 03, deve ter alguma boa idéia, mas, para início de conversa, eu dei parecer contrário porque S. Exa., na sua justificativa - e é um direito que assiste ao Ver. Flávio Coulon -, coloca o seguinte: “aprimoramento do Projeto. Evitar a intromissão descabida da UTEPA, das Associações de Pais e Mestres e da Direção das Escolas em assuntos puramente administrativos da SMT”. Eu digo que não. Não é uma intromissão descabida. É um transporte especial, é um transporte que tem que ter a maior garantia possível. Já que o Ver. Isaac Ainhorn deu o valor em dólares, eu digo que nos países mais adiantados e eu vi isso nos EEUU, onde uma caminhonete de transporte escolar estaciona ou pára, o trânsito também pára.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Artur Zanella, V. Exa. passa a falar no tempo que lhe cede o Ver. Ennio Terra, com a aquiescência do Ver. Jaques Machado.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Agradeço aos colegas, porém não usarei os dez minutos. Prosseguindo, vejam a que ponto chega a segurança nos países mais desenvolvidos: o trânsito todo é obrigado a parar para garantir a segurança. A participação da União dos Transportadores, a participação da comunidade, nesse tipo de transporte, é essencial, assim como o Sindicato dos Empresários de Ônibus está incluso no Conselho Municipal dos Transportes Urbanos, e a UTEPA não está; agora, por lei, com maior ênfase do que estava no Substitutivo e com menos ênfase que estava na lei anterior, que também era uma extrapolação, creio que fica muito bem o Substitutivo nº 03, com as Emendas dos Vers. Mano José e as de nosso Líder, de nossa Bancada que, finalmente, teremos regras definidas para esses transportes. Aqueles que, de uma forma ou outra, imaginam que o envio a esta Casa de uma planilha para ser aprovada tenha trazido qualquer problema e qualquer óbice, digo que é ao contrário. Digo com a autoridade de quem já foi Secretário Municipal dos Transportes. Aqui os senhores têm maior acesso do que lá, agora e quando eu era Secretário, porque há uma série de outros problemas que impedem que haja um diálogo mais profundo. Penitencio-me, apesar de nunca ter negado uma audiência sequer aos transportadores, de não ter dialogado mais com os transportadores escolares. Penitencio-me agora e hoje, e aqui vai ser fórum. Se essa planilha não for boa e adequada, temos condições políticas, administrativas e técnicas para melhorá-la aqui neste local.

Solicitando, então, o voto ao Substitutivo nº 03 e às Emendas aprovadas pela Comissão, dizendo que é muito bom e muito saudável, numa cidade como Porto Alegre, os transportadores escolares venham aqui discutir os seus problemas e que tenham um carinho tão grande pelos nossos filhos, como tem, neste momento, e sempre. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o Ver. Jaques Machado, que desiste.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): O Ver. Flávio Coulon colocou bem que o § 2º incluído no art. 2º, ele ficaria melhor no art. 1º, sugeriu que em Redação Final isto poderia ser consertado. Consulto V. Exa. se, regimentalmente, isto é possível ou tem que se fazer uma subemenda.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa solicita a V. Exa. apenas um esclarecimento, em qual das Emendas apresentadas?

 

O SR. ARTUR ZANELLA: A Emenda nº 04, quando se fala no art. 2º, § 2º, que a tarifa pode ser reajustada, este parágrafo estaria melhor no art. 1º, que fala em termos tarifários. O Ver. Flávio Coulon sugeriu que na Redação Final isto poderia ser acertado, na Emenda assinada pelo Ver. Raul Casa.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa comunica ao Plenário que, atendendo ao Requerimento do Ver. Artur Zanella, está contatando, do próprio Vereador, através da Diretoria Legislativa, para encaminhar da melhor maneira possível a votação, para que não ocorra nenhum equívoco dos Srs. Vereadores, e a Mesa encaminhe de forma a não cometer nenhum equívoco.

A Mesa solicita que o Sr. Vice-Presidente assuma a direção dos trabalhos, para que possamos secretariar a  votação.

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Em votação. Para encaminhar, a palavra com o Ver. Flávio Coulon.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Rafael Santos colocou muito bem, aqui, a questão. Ou este é um serviço de natureza puramente particular, ou no momento que se atrela ao “oficialismo”, aceite a conseqüência disto. Desde o princípio achei que seria interessante que esse serviço fosse fiscalizado e dirigido de uma certa maneira pela SMT, dentro de uma política de que ela tem que ser responsável por uma política de transporte em toda a Cidade. E como este é um tipo de transporte que hoje em dia tem grande importância, ele tem que ser gerenciado também dentro da política de transporte da Capital. Agora, o que me preocupa no Substitutivo era exatamente que primeiro o Projeto original do Ver. Elói Guimarães determinava a abrangência total da SMT sobre este serviço de transporte. Os Substitutivos apresentados, e aí que foi a minha grande preocupação, ficavam no meio termo. A gerência do transporte, a competência, a responsabilidade, era muito diluída entre a SMT, ouvida a direção da escola, ouvida o CPM da Escola. E, aí, as coisas já começam a complicar, porque alguém tem que gerir isto aí.

Então, dentro da filosofia expressa por alguns motoristas e pela própria dinâmica de análise do Projeto, de que era do interesse dos transportadores serem fiscalizados e ficarem sob a égide da Secretaria, eu entendi de apresentar aquelas emendas que não mais repartiriam a responsabilidade, passariam todas para a SMT. A minha grande preocupação nas emendas foi justamente expurgar do texto desta Lei todas aquelas passagens onde a SMT ia dividir responsabilidades com outras entidades.

Agora, a Emenda de Líder nº 04, que foi assinada pelo Ver. Raul Casa, de uma certa maneira contempla todo tipo de preocupação que tenho, porque ela tomou as Emendas que eu havia apresentado, de nos 02 e 03, e conseguiu, para estas Emendas que eu havia apresentado, uma redação que satisfaz melhor os interesses tanto da SMT como da UTEPA, da direção das escolas, das entidades representativas de pais e alunos.

De modo que, com exceção desta Emenda que iguala, agora, o reajuste de tarifas do transporte escolar com o reajuste de tarifa de táxi, sobre a qual eu tenho dúvidas, uma vez que eu já havia apresentado, no táxi, um percentual de 25% e, agora, para ficar coerente com o táxi, o Ver. Raul Casa baixa para 15%, mas com exceção desta Emenda, que me parece vai provocar um problema bastante grande com os usuários, que vão ter aumentos praticamente mensais dos transportadores escolares, o que não vai ser bom para os transportadores. Com exceção dessa Emenda, eu acho que nós chegamos, com o Substitutivo nº 03 e com as Emendas nos 01 e 04, nós chegamos a um bom termo.

De modo que a Bancada do PMDB encaminha e votará favoravelmente esse Projeto. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encaminha, pelo PL, o Ver. Jorge Goularte.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, se há um sistema de transporte com o qual a população de Porto Alegre não pode ter queixas e, se as tem, é em número reduzido, é o transporte escolar. Por experiência própria, por vários anos meus filhos foram transportados para o Colégio Anchieta, e jamais tive um dissabor ou algum problema com os transportadores escolares. Entendo que a discussão feita pelo Ver. Rafael Santos foi altamente inteligente e elucidativa. Se a União dos Transportadores acha que as modificações são válidas, que são necessárias para a sua evolução, nós não temos por que votar contra; pelo contrário, votaremos favoravelmente, não ao Projeto original, mas ao Substitutivo nº 03 que, a nosso ver, dá ao Projeto original o lugar que ele merecia, isto é, relega a um segundo plano, e o Substitutivo dá uma situação de clareza no que se quer nesse assunto. Por isso, não vou usar o tempo todo para declarar, porque quero votar, e acho que as pessoas que aqui estão desejam isto. Reduzo o meu encaminhamento, apenas dizendo que sou favorável ao Projeto e às Emendas nos 01 e 04. Sou favorável ao Substitutivo e contrário ao Projeto. Aprovo as Emendas nos 01 e 04 e rejeito as Emendas nos 02 e 03. Penso que assim estarei votando de acordo com os interesses dos transportadores escolares, que merecem de nós todo o respeito e consideração e que, repito, pessoalmente, por observação, é uma categoria que presta grandes serviços à população de Porto Alegre e contra a qual não tenho nenhuma restrição. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, para encaminhar pelo PDS, o Ver. Mano José.

 

O SR. MANO JOSÉ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, rapidamente, nós queremos dizer que a Bancada do PDS, desfalcada de um elemento, pois, sentindo-se mal, o Ver. Hermes Dutra teve que se recolher à sua residência, ficando só dois votos, do Ver. Rafael Santos e o nosso, votará favoravelmente ao Projeto e ao Substitutivo, ao qual tivemos o prazer de apresentar uma emenda, como pequena contribuição, visando a acomodar melhor o relacionamento entre os transportadores do transporte escolar, a SMT e as entidades representativas dos transportadores e também do Círculo de Pais e Mestres. Queremos fazer, aqui, uma menção toda especial: temos encontrado, seguidamente, na rua, mulheres dirigindo transporte escolar. A estas mulheres, nós queremos fazer uma homenagem, não porque elas tenham avançado no problema de serem iguais aos homens, mas pelo seu espírito de colaborar, mesmo na direção de um veículo, transportando crianças, com o sustento, com a manutenção da casa, enfim, com o seu esposo. A estas mulheres, a nossa homenagem. A ela dedicamos, a Bancada do PDS, o nosso voto favorável, bem como à direção da UTEPA e a todos os transportadores, pois temos uma vasta legião de transportadores também nossos amigos, que nós admiramos pelo trabalho que realizam em Porto Alegre. Portanto, homenageando a mulher transportadora, o nosso voto favorável e, temos certeza, o voto favorável de toda esta Casa, ao Substitutivo nº 03 e às Emendas nos 01 e 04. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar, pelo PFL, Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que deveria ser dito já o foi. Para maior rapidez no processo de votação, concordamos em que a alteração, ou não, daquele parágrafo, artigo 1º e 2º, se tentará fazer na Redação Final; se não for possível, como não altera o espírito da lei, mas a deixa melhor elaborada, nós votaremos a favor de todos os artigos, e a nossa Bancada, neste momento, com a chegada do Ver. Frederico Barbosa, que secretariava, estamos com 80% dos nossos Vereadores, e daremos, tenho certeza, garantia absoluta que haverá, hoje, um voto favorável dos Vereadores e, se possível, por unanimidade. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ainda estão abertos os encaminhamentos; nenhuma Bancada mais deseja encaminhar.

Requerimento com o Ver. Paulo Satte.

 

O SR. PAULO SATTE: Requereria que fosse submetido à votação nominal.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO o Requerimento do Ver. Paulo Satte.

 

O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Eu apresentarei um Requerimento à Mesa para que as Emendas 01 e 04, e 02 e 03, respectivamente, sejam votadas em bloco.

 

O SR. PRESIDENTE: As Emendas que têm parecer favorável podem ser votadas em bloco; as que não têm parecer favorável, não são amparadas pelo Regimento.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Mas todas não têm parecer favorável?

 

O SR. PRESIDENTE: Com as Emendas 01 e 04, tudo bem; 02 e 03 não têm parecer, e se não têm, não são amparadas pelo Regimento.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Eu pediria pela votação das Emendas 01 e 04 ao Substitutivo nº 03.

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. 3º Secretário fará a verificação de “quorum”.

 

(O Sr. 3º Secretário procede à verificação de “quorum”.)

 

O SR. 3º SECRETÁRIO: Há “quorum”, Sr. Presidente. Há 26 Srs. Vereadores em Plenário.

 

O SR. PRESIDENTE: Apenas para responder uma Questão de Ordem ao Requerimento do Ver. Clóvis Brum, devo avisar que as Emendas 02 e 03 têm parecer contrário e podem ser colocadas, conjuntamente, em votação, com parecer contrário.

Peço que o Sr. Secretário proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação do Substitutivo nº 03. Se, por acaso, for aprovado o Substitutivo nº 03, ficam prejudicados os outros Substitutivos e o Projeto.

 

O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Os Substitutivos nos 01 e 02 já foram retirados.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Substitutivo nº 03. Após, serão votadas as Emendas a ele apostas.

Solicito ao Sr. 2º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 27 Srs. Vereadores votaram SIM.

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADO o Substitutivo nº 03 aposto ao PLL nº 017/86. Fica prejudicado, portanto, o Projeto original.

 

(Votaram Sim os Vereadores: Adão Eliseu, Aranha Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Paulo Sant’Ana, Paulo Satte, Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Werner Becker, Nilton Comin, Flávio Coulon, Ana Godoy, Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla e Auro Campani.)

 

O SR. PRESIDENTE: Coloca-se em votação as Emendas. Por solicitação do Ver. Clóvis Brum, entrarão em votação em conjunto. As Emendas 01 e 04 têm parecer favorável. As Emendas 02 e 03 têm parecer contrário. Em votação, as Emendas 01 e 04, com parecer favorável.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO (Frederico Barbosa): (Lê a Emenda nº 04.)

 

O SR. PAULO SANT’ANA (Para uma consulta à Mesa): Sr. Presidente, eu quero votar só favoravelmente a um dispositivo disso tudo que foi lido, que é a exigência que se faz ao motorista de ter bons antecedentes. No resto, eu quero votar contra, como é que se faz?

 

O SR. PRESIDENTE: É só V. Exa. pedir destaque.

 

O SR. PAULO SANT’ANA: Estou solicitando à Mesa destaque desta parte.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente, estou solicitando destaque na Emenda nº 01 também.

 

O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Face à solicitação de destaque formulada para a Emenda nº 01, evidentemente que a votação da Emenda nº 01 e nº 04 será separadamente. As Emendas nº 02 e 03 serão em conjunto, e sendo que, na votação da Emenda nº 04, destaque-se ainda o requerido pelo nobre Ver. Paulo Sant’Ana.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Eu creio - se é que eu entendi bem - que o pedido de destaque do Ver. Paulo Sant’Ana refere-se à Emenda nº 01. A Emenda nº 04 pede, também, que os motoristas substitutos sejam cadastrados. Quem fala em cadastro é a Emenda nº 01.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Paulo Sant’Ana, V. Exa. pediu destaque em relação à Emenda nº 01?

 

O SR. PAULO SANT’ANA: Eu quero a favor da exigência que se faz ao motorista. É só Emenda nº 01. Aqui não está na nº 01. É por isso, Sr. Presidente, que eu pedi que se lesse. Veja, V. Exa., que 03, 04 ou 05 Vereadores acharam que era a Emenda nº 01. Eu quero destaque, segundo me informa o Ver. Coulon, Ver. Clóvis Brum, à Emenda nº 01 ao Substitutivo nº 03.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. quer destaque para a Emenda nº 01, Substitutivo nº 03. O Substitutivo nº 03, Ver. Paulo Sant’Ana, foi aprovado. Agora, nós vamos votar as quatro Emendas relativas ao Substitutivo nº 03.

 

O SR. PAULO SANT’ANA: Eu sou favorável só à Emenda nº 01, às outras todas eu sou contra.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Só para que conste nos Anais, o Ver. Paulo Sant’Ana não foi enganado por ninguém, é a Emenda nº 01 que ele pretende, a mesma Emenda que o Ver. Flávio Coulon pediu destaque.

 

O SR. PRESIDENTE: O Substitutivo nº 03 já está aprovado, o que nós votamos agora é apenas as Emendas ao Substitutivo nº 03. São as Emendas nos 01, 02, 03 e 04 ao Substitutivo nº 03. As quatro emendas, Emendas nos 01, 02, 03 e 04, elas seriam votadas em conjunto: a 01 e a 04, a 02 e a 03. As Emendas ao Projeto estão prejudicadas.

Em votação a Emenda nº 01 ao Substitutivo 03, que foi aprovado.

Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 22 Srs. Vereadores votaram SIM, 01 Sr. Vereador votou NÃO e 03 Srs. Vereadores abstiveram-se.

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADA a Emenda nº 01 aposta ao Substitutivo nº 03, com Declaração de Voto do Ver. Flávio Coulon.

 

(Votaram Sim os Vereadores: Adão Eliseu, Aranha Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Frederico Barbosa, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Paulo Sant’Ana, Paulo Satte, Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Werner Becker, Nilton Comin, Ana Godoy, Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla e Auro Campani. Votou Não o Vereador Flávio Coulon. Abstiveram-se de votar os Vereadores: Caio Lustosa, Ennio Terra e Jorge Goularte.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. Secretário que proceda à leitura da Declaração de Voto do Ver. Flávio Coulon.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: (Lê.)

“Declaração de Voto

Voto contra, dentro do espírito de que deve se expurgar ingerências corporativas no Projeto.

(a) Ver. Flávio Coulon”.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação a Emenda nº 04. Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 15 Srs. Vereadores votaram SIM, 01 Sr. Vereador votou NÃO e 08 Srs. Vereadores abstiveram-se.

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADA a Emenda nº 04 aposta ao Substitutivo nº 03.

 

(Votaram Sim os Vereadores: Adão Eliseu, Aranha Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Frederico Barbosa, Luiz Braz, Mano José, Paulo Satte, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Isaac Ainhorn, Getúlio Brizolla e Auro Campani. Votou Não o Vereador Paulo Sant’Ana. Abstiveram-se de votar os Vereadores: Caio Lustosa, Ennio Terra, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Werner Becker, Nilton Comin e Ana Godoy.)

 

Em votação as Emendas nos  02 e 03 apostas ao Substitutivo nº 03, as quais receberam parecer contrário. Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 01 Sr. Vereador votou SIM, 19 Srs. Vereadores votaram NÃO e 05 Srs. Vereadores abstiveram-se.

 

O SR. PRESIDENTE: REJEITADAS as Emendas nos 02 e 03.

 

(Votou Sim o Vereador Flávio Coulon. Votaram Não os Vereadores: Adão Eliseu, Aranha Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Frederico Barbosa, Jorge Goularte, Jussara Cony, Luiz Braz, Mano José, Paulo Sant’Ana, Paulo Satte, Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Werner Becker, Getúlio Brizolla e Auro Campani. Abstiveram-se de votar os Vereadores: Caio Lustosa, Ennio Terra, Lauro Hagemann, Nilton Comin e Ana Godoy.)

 

O SR. ARANHA FILHO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a Sessão já foi prorrogada por mais duas horas e já deve estar estourando o tempo. Certamente, haverá uma Sessão Extraordinária e eu gostaria que V. Exa. me relacionasse os projetos que prioritariamente iremos votar.

 

O SR. PRESIDENTE: Digo a V. Exa. que a prorrogação vai se extinguir às 20h26min e que, imediatamente, será convocada a Extraordinária. De acordo com os processos que constam nos avulsos para votação, serão eles colocados pela ordem, a não ser que exista um requerimento que reivindique prioridade. Temos, por exemplo, aqui, um Requerimento assinado pelo Ver. Artur Zanella, que vamos colocar em votação, reivindicando prioridade para dois projetos, para serem votados conjuntamente ou pelo menos em seqüência nos próximos minutos. Solicito ao Sr. 2º Secretário que faça a leitura do Requerimento do Ver. Artur Zanella.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: (Lê o Requerimento.)

“Requeiro que, devido à similitude dos dois Projetos, sejam os Processos nos 2212 - PLCL nº 10/87 e 2213 - PLL nº 100/87 votados em sucessão, para debates conjuntos e votação simultânea.

Sala das Sessões, 14 de dezembro de 1987.

                                     (a) Ver. Artur Zanella”.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o Requerimento do Ver. Artur Zanella permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO SECRETA

 

PROC. Nº 2212 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 010/87, da Verª Jussara Cony, que altera os artigos 76 e 141 da Lei Complementar nº 133, de 31.12.85.

 

Parecer:

- da Comissão Especial. Relator, Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 2213 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 100/87, da Verª Jussara Cony, que concede estabilidade provisória aos diretores da entidade representativa dos servidores municipais e dá outras providências.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator, Ver. Flávio Coulon: pela rejeição;

- da CFO. Relator, Ver. Raul Casa: pela aprovação; e

- da CUTHAB. Relator, Ver. Pedro Ruas: pela tramitação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão os Processos nos 2212 e 2213. Inscreve-se a Verª Jussara Cony, para discutir.

 

A SRA. JUSSARA CONY: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, dirigentes da Associação dos Municipários, presentes nesta Casa Legislativa, eu quero ressaltar a importância do Requerimento do Ver. Artur Zanella e, exatamente, tentando objetivar esta discussão, não que estes Projetos não tenham a importância que esta Casa, como um todo, tem entendido que têm. Mas, em função do adiantado da hora, em função do cansaço dos Srs. Vereadores, nós vamos discutir e, até porque, como diz bem o Ver. Artur Zanella, eles são acoplados pela similitude entre si. Nós discutiremos os dois Projetos em conjunto. O Projeto de Lei Complementar do Legislativo de nº 010/87, na Exposição de Motivos, visa a algumas poucas alterações no Estatuto dos Funcionários Públicos do Município de Porto Alegre, a Lei Complementar nº 133, buscando sintonizar a legislação em vigor com as necessidades e os princípios democráticos que estão enunciados na própria Exposição de Motivos. Ou seja, que a representação do funcionalismo público municipal enquadra-se exatamente nos ideais democráticos de nossa sociedade, como uma condição fundamental para a efetiva existência dos mesmos, desta representatividade. Dentro deste espírito, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em âmbito nacional, consagra-se o princípio de que não se deve dificultar ou impedir que o trabalhador eleito para a diretoria da associação representativa de sua categoria profissional desenvolva, eficiente e plenamente, esta tarefa que lhe foi dada, através do voto direto, no caso em questão, pelos dezenove mil municipários da cidade de Porto Alegre. Nesse sentido, ele altera os arts. 76 e 141 da Lei Complementar nº 133, o art. 1º no seu inciso IX, modificando o exercício de cargo de diretor da entidade representativa de todas as classes de cargos, na forma estabelecida em lei especial. O que ele muda? Exatamente o exercício de cargo de qualquer diretor de entidades. No art. 141, a inclusão de um novo inciso, que seria o inciso X. (Lê.) “Para exercer cargo de Diretor de entidade representativa, de todas as classes de cargos, desde que tiver sido dispensado do comparecimento ao trabalho, na forma de Lei”. O Projeto de Lei do Legislativo, também de nossa autoria, de nº 100/87, resgata uma reivindicação dos servidores públicos como um todo. Todos nós sabemos, e esta Câmara tem sido pródiga na participação junto à AMPA, da importância de uma entidade representativa dos funcionários municipais, tanto do ponto de vista da defesa dos interesses da categoria, que tão relevantes serviços fornecem à população e ao Poder Público Municipal, tanto no âmbito do Executivo quanto deste Legislativo, também no que se refere àquele aspecto de ser o funcionalismo público municipal o interlocutor entre os servidores municipais e a própria comunidade, visando a interesses comuns de uma cidade. Não há dúvida que, numa sociedade democrática, é necessário garantir às entidades associativas as mais amplas condições de existência e funcionamento, para o bom cumprimento dessas funções. A Associação dos Municipários de Porto Alegre tem se pautado por uma postura democrática, cuja atuação conta hoje com o largo reconhecimento da opinião pública e dos seus associados. Com o largo reconhecimento do próprio poder constituído e das demais entidades representativas de diversas categorias de trabalhadores. Neste sentido, nós entendemos como uma decorrência lógica, que se torna, de um lado, imperativa e, de outro lado, inadiável, a inclusão, sob forma de Lei - e por isto estes Projetos - de dispositivos, muitos dos quais, inclusive, já estão em pleno vigor, pela atuação da entidade representativa dos funcionários, dispositivos estes que viabilizem o que está exposto neste Projeto. Assim, esta questão fundamental, como a estabilidade para os membros da AMPA e o direito de dispensa apenas de alguns de seus diretores, bem como de outros requisitos mínimos contemplados por esta Lei, são apenas alguns singelos elementos para assegurar razoáveis condições de existência e do próprio funcionamento da AMPA, como entidade representativa dos servidores públicos municipais.

 

O Sr. Rafael Santos: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Eu pretendia ir à tribuna para me manifestar e me posicionar favoravelmente aos Projetos apresentados por V. Exa., mas, considerando o adiantado da hora, eu o faço através deste aparte, para dizer-lhe que subscrevo integralmente o Processo de V. Exa., porque oferecer garantias aos dirigentes de entidades é a única forma, realmente, de se ter certeza da independência destes dirigentes. Se não houver esta garantia, nós nunca saberemos se o dirigente da associação ou da entidade está agindo em favor, em benefício ou em consonância com seus associados, ou se está agindo premido pelas circunstâncias e pela pressão do Poder Executivo.

 

A SRA. JUSSARA CONY: Eu agradeço o seu aparte e V. Exa., exatamente, levanta uma questão fundamental, para todo e qualquer dirigente de entidade, que é a independência dos dirigentes frente a este ou aquele poder constituído.

 

O Sr. Lauro Hagemann: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Na mesma linha do Ver. Rafael Santos, para não ocupar a tribuna, quero manifestar, claramente, neste aparte, a minha decisão de votar favoravelmente aos Projetos apresentados por V. Exa. Como ex-dirigente sindical, eu entendo muito bem o significado desta medida e, quando se pretende ampliar aos servidores públicos a possibilidade de sindicalização, isto é uma medida preliminar que nós, no âmbito do Município, podemos tomar e espero que o Sr. Prefeito Municipal entenda esta posição da Câmara dos Vereadores.

 

A SRA. JUSSARA CONY: Eu agradeço ao Ver. Lauro Hagemann até pela participação que temos tido, junto com outros Vereadores, em conjunto, na luta pelas reivindicações dos municipários e, fundamentalmente, pela opinião abalizada de um dirigente sindical de respeito, não apenas no Município de Porto Alegre, mas de um dirigente sindical do teor de V. Exa., durante anos e anos, na defesa da categoria dos jornalistas, só vem colaborar, no sentido de nos incentivar para que esta Casa, como um todo, tenha esse Projeto como seu.

 

O Sr. Caio Lustosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Não vou ocupar a tribuna, por isso me associo, com este aparte, à nobre iniciativa de V. Exa., que acho muito criativa, mormente em um momento de Constituinte, como este. É preciso ocupar estes espaços democráticos, inclusive assegurando, como fazem esses dois Projetos de V. Exa., a garantia de estabilidade e também o espaço necessário para os dirigentes sindicais, no caso os dirigentes associativos da AMPA, poderem exercer, como referiram os outros Vereadores, a sua atividade associativa, sem que possam ser obstados, como hoje acontece, pelos dirigentes do Poder Executivo Municipal. Cedo o meu tempo de dez minutos para que possa concluir a sua argumentação.

 

O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): V. Exa. já tinha se inscrito; há que haver concordância do Ver. Zanella. Já que o Ver. Zanella concorda, V. Exa. terá mais dez minutos.

 

 A SRA. JUSSARA CONY: Eu agradeço a cedência do tempo do Ver. Caio Lustosa, e ao nobre Vereador Zanella, e o pronunciamento de V. Exa., Ver. Caio Lustosa, mais uma vez, traz, na prática, exatamente a prática política que V. Exa. tem tido na defesa da luta dos trabalhadores e da luta dos servidores públicos municipais. Por uma questão de coerência, por um trabalho conjunto levado, nesta Casa, também com o Sr. Líder do PT, neste momento representado pela Verª Ana Godoy, é importante ressaltar o Parecer dado ao Projeto nº 010/87 pelo Ver. Antonio Hohlfeldt. Diz S. Exa. que o Projeto em pauta recupera antigas reivindicações dos municipários e isso é importante porque chegou a ser prevista pelos relatores da Lei Complementar 133, exatamente a lei que estamos modificando com este Projeto, mas posteriormente vetada pelo Executivo, quanto ao direito de o funcionário que exercer presidência de entidade representativa de classe seja considerado em exercício efetivo do cargo, ainda que em afastamento por tal situação. Resgata aqui uma justa reivindicação o Ver. Antonio Hohlfeldt em seu Parecer e relembra a esta Casa assunto já tratado quando da discussão do Projeto de Lei Complementar 133. Diz o Ver. Antonio Hohlfeldt: (Lê.) “O Projeto é altamente meritório do ponto de vista da democracia que deve permear as relações entre Executivo e/ou Legislativo e seus funcionários, sobretudo em tempo de abertura política em que vivemos. Juridicamente tal iniciativa é exclusividade do Executivo, mas entendemos que havendo vontade política do Exmo. Sr. Prefeito Municipal homologando o Projeto, ele o tornará constitucional e orgânico, permitindo assim a sua vigência”.

Ressaltamos a importância do Parecer do Ver. Antonio Hohlfeldt, porque comentaremos em seguida exatamente esta questão.

 

O Sr. Clóvis Brum: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Transmito a V. Exa. o meu voto favorável ao Projeto da iniciativa de V. Exa., que tenta dar à direção dos nossos funcionários municipais uma oportunidade para que eles possam desenvolver um trabalho de organização que é de vital importância para o bem estar da categoria. Entendo que funcionário bem pago, funcionário tranqüilo, é povo bem atendido. Portanto, votarei favoravelmente.

 

A SRA. JUSSARA CONY: V. Exa., Ver. Clóvis Brum, com sua inteligência, sua prática política, apreende bem o espírito da Lei que estamos trazendo para votação, temos certeza, nesta Casa, pela unanimidade dos Srs. Vereadores.

Há que ressaltar, até porque todos os Vereadores que solicitaram o aparte colocam o Projeto de iniciativa desta Vereadora. Nós queremos dizer que este é um projeto dos municipários, através de sua entidade representativa, que teve a sensibilidade desta Vereadora e que, tenho absoluta certeza, terá a sensibilidade deste Plenário.

 

O Sr. Werner Becker: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Vereadora, até pretendia ocupar a tribuna, mas o alongado da hora me fez que eu sumariasse uma intervenção com um apelo que eu queria dirigir ao Ver. Flávio Coulon, porque li na Comissão de Justiça o Parecer de V. Exa. Do ponto de vista do plano formal, nada a objetar. Mas queria que V. Exa. levasse em conta o substancial e o meritório e que estes aspectos formais podem ser afastados com a homologação e a sanção do Prefeito pelo Projeto. Faria um apelo à formação democrática e progressista de V. Exa. Acho que a Casa precisa do voto de V. Exa. para este Projeto, que é altamente meritório, e os óbices formais são altamente removíveis. Sei que V. Exa. com zelo cuidou do aspecto formal, e fê-lo bem, mas atento ao aspecto substancial. V. Exa. não terá nenhum problema em reformular no Plenário o voto aposto na Comissão. Eu apelo à formação democrática progressista e de Líder de categoria que V. Exa. tem.

 

A SRA. JUSSARA CONY: Eu agradeço o aparte de V. Exa., Ver. Werner Becker, até pela antiga discussão que temos nesta Casa, sobre a questão da inconstitucionalidade. O que é e o que não é inconstitucional, mas sob o ponto de vista, Vereador, e V. Exa. tem sido brilhante neste sentido, do direito dos trabalhadores. A relatividade do constitucional e do inconstitucional é exatamente sob o ponto de vista da representatividade e dos anseios da maioria, que no caso são os municipários. Em relação ao PLL nº 100/87, nós temos a aprovação pela Comissão de Finanças e Orçamento, com Parecer aprovado por toda a Comissão, do Ver. Raul Casa, do PFL. Em relação à Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação, também o parecer favorável de toda a Comissão, cujo Relator foi o Ver. Pedro Ruas. É importante ressaltar o relatório do Ver. Pedro Ruas, que diz: “a estabilidade no emprego é uma conquista já antiga dos dirigentes sindicais brasileiros, sendo hoje garantida por lei e sempre teve respaldo jurisprudencial nos Pretórios trabalhistas, por analogia óbvia” - diz o Ver. Pedro Ruas – “os dirigentes das associações devem ter tal garantia, até porque a unanimidade da doutrina sobre o assunto considera imprescindível para o desempenho sério e correto para os mandatos conseguidos. De outro lado, é regimental e legal o Projeto. Parecer favorável”.

Em relação ao Parecer da Comissão de Justiça e Redação, que tem como signatário o Ver. Pedro Ruas, como Relator, nós teríamos a comentar, não, é do Ver. Flávio Coulon, desculpe, com votos contra o Parecer, do Ver. Ignácio Neis e Werner Becker, dos que foram signatários do Parecer. Na analise do Parecer é importante, Srs. Vereadores, alguns comentários, no primeiro deles, quando o Parecer é colocado, o sindicato, organização pertinente aos trabalhadores privados e inexistindo o direito aos funcionários públicos, cujas relações estão reguladas no Direito Administrativo.

Nós somos dirigentes sindicais, nós, não só a nível da Associação dos Farmacêuticos do Rio Grande do Sul, onde fomos eleitos por duas vezes, mas, anteriormente dirigentes, na época do regime militar, dentro das entidades ou daquilo que nós tentávamos tornar entidades na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Nós entendemos que isso nada mais é do que uma discriminação imposta por uma legislação fascista sobre os servidores públicos: federais, estaduais e municipais, que são, sim, trabalhadores. Hoje, quando no próprio processo da Assembléia Nacional Constituinte, com algumas vitórias obtidas pelos trabalhadores na Comissão de Sistematização, fruto, essas vitórias, das lutas das entidades representativas dos trabalhadores, inclusive das entidades representativas dos servidores públicos federais, estaduais e municipais. Há que garantir essa vitória da Sistematização no Plenário da Assembléia Nacional Constituinte. Então, hoje, num momento histórico como esse, quando os trabalhadores vão ter que garantir, no Plenário da Constituinte, algumas vitórias obtidas na Sistematização, é impossível respaldar essa legislação retrógrada que visa a impedir, isso sim, a livre organização dos funcionários públicos. Nós temos, ao contrário, é que lutar pela extensão, aos funcionários públicos federais, estaduais e municipais, de direitos conquistados com muita luta pelos trabalhadores brasileiros.

 

O SR. PRESIDENTE: Verª Jussara Cony, face haver-se esgotado o tempo, informo a V. Exa. que estão encerrados os trabalhos da presente Sessão, convocando-se uma Sessão Extraordinária, logo a seguir.

 

(Nota: Quando da votação da Ata da 37ª Sessão Extraordinária, foi aprovada, por solicitação da Verª Bernadete Vidal, retificação, na folha 02, do aludido documento, em seu pronunciamento, em Comunicação de Líder, onde consta: “Solidarizou-se com a classe dos deficientes, atentando para a importância do apoio desta Casa à mesma”, passe a constar: “Solidarizou-se com os deficientes, atentando para a importância do apoio desta Casa aos mesmos”.)

 

(Levanta-se a Sessão às 20h40min.)

 

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